quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O ÚLTIMO QUE SAIR APAGUE A LUZ





 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


Vimos recentemente na TV GOB as entrevistas dos Grãos Mestres Estaduais relativas aos problemas de crescimento e de encolhimento da Ordem nos diferentes Orientes da Federação.
 
Pudemos notar, a partir das entrevistas, que o maior problema, ou seja, o abandono da Ordem é provocado por reversão de expectativas.
 
Cabe aqui uma digressão histórica que se refere especificamente à Maçonaria Brasileira e não à Maçonaria enquanto instituição.
 
A Ordem surge no Brasil com DNA francês e em um fervilhante momento político crucial para o futuro da colônia. A consequência imediata foi o seu envolvimento nos acontecimentos que levaram à emancipação do Brasil.
 
Posteriormente, a sua história se confunde com a história do Brasil até pelo menos 1925, quando disputas internas provocam uma cisão da qual ela jamais se recuperaria. Isso, aliado à ação deletéria dos esbirros de Getúlio Vargas (que fechou as lojas e infiltrou as fileiras da Ordem) e uma segunda cisão na década de 70 provocaram a debandada dos poucos irmãos que ainda nutriam veleidades políticas.
 
Aqueles que sobraram, preferiu refugiar-se no escuro da Loja e insistir comodamente em que não se discute política ou religião em Loja, algo que não fazia parte da tradição maçônica brasileira. Passou a ser mais importante conduzir ritualisticamente a sessão, do que atuar na sociedade a exemplo dos nossos antepassados. Mas, essa evolução histórica produziu uma situação esquizofrênica. Ora, a imagem pública da Maçonaria no Brasil é aquela representada pela presença marcante da instituição nos acontecimentos políticos e sociais mais importantes da história pátria. A consequência imediata disso é que a expectativa dos candidatos (uma vez que se preservou a cultura do segredo) é encontrar um grupo político aguerrido, voltado para a transformação da sociedade. A realidade, contudo, é diametralmente oposta. As lojas desenvolveram uma cultura conservadora, reacionária e retrógrada. A alienação é a norma. O imobilismo a consequência.
 
Some-se a isso, a tendência natural de acomodação e a falta de estudo sério da nossa história.
 
Estão colocadas todas as condições para o desastre.
 
Mais um dado vem complicar ainda mais as coisas no caso específico do Grande Oriente do Brasil: diferentemente da matriz inglesa, o GOB abriga em seu seio sete ritos diferentes: REAA, Moderno, Brasileiro, Emulação ou York, Adonhiramita, Schröder e Escocês Retificado. Se por um lado é louvável a liberdade proporcionada pela instituição, por outro lado, ela se transforma em um balaio de gatos, onde cada rito puxa a brasa para sua sardinha, recusa-se a transigir e busca seu próprio crescimento sem considerar o interesse do conjunto. Rivalidades vêm à tona, traduzidas em disputas políticas e jogos de poder. Isso tudo complica a busca de uma solução para os problemas do encolhimento do número de obreiros, mas diríamos que nem tudo está perdido.
 
Naturalmente, uma solução exigiria mão firme dos Grãos Mestres Estaduais e do Grão Mestre Geral, assim como alterações conceituais nos processos de recrutamento.
 
A primeira alteração seria transformar o processo de recrutamento. Seria recomendado às Lojas uma posição proativa na sociedade, detectando potenciais membros e buscando envolve-lo e descobrir se eles não têm interesse em juntar-se a nós. Isso caberia aos membros das lojas, nos mesmos moldes atuais.
 
O Grande Oriente produziria um material “didático” que permitisse às Lojas conduzir seminários explicando a natureza da Ordem e de cada rito (considerando que existem diferentes ritos em algumas cidades maiores) no caso de múltiplos candidatos, matéria esse que seria entregue ao(s) candidato(s). Somente depois desse seminário ou esclarecimento sobre TODOS OS RITOS, o candidato preencheria um formulário com os seus dados manifestando seu interesse por um determinado rito.
 
Também é urgente e necessário mudar a mentalidade dos padrinhos. Eles não precisam contar ao candidato como é uma sessão de Loja, dar palavras, ensinar toques e palavras, mas também não podem ocultar tudo do candidato. Precisam deixar que o candidato à vontade para escolher (quando possível) o rito que melhor se ajusta à sua personalidade, depois que ele recebe o material “didático” com uma explicação detalhada da natureza de cada rito.
 
O padrinho não deve “puxar a sardinha” para o seu rito. Ele colherá os dados e os remeterá ao Grande Oriente para que este encaminhe o candidato à Loja adequada.
 
O padrinho também deveria “abrir o jogo” com o candidato, explicando a ele que atualmente a maçonaria está em crise, não tem mais a mesma pujança e espírito que tinha antes de 1927, mas que ela oferece as condições para que o candidato encontre outros maçons com boas intenções e junte-se a eles em ações específicas sobre a sociedade que não envolverá a Maçonaria enquanto instituição. Precisa salientar a importância do networking que a Maçonaria oferece.
 
Um segundo critério necessário é o critério geográfico, onde o candidato seria encaminhado PELO GRANDE ORIENTE ESTADUAL para iniciação na Loja mais próxima de sua residência, no rito escolhido por ele. Isso facilita a vida do candidato nas grandes cidades e favorece o comparecimento à sessão.
 
Essas providências cobririam a questão da reversão de expectativa, uma vez que o candidato receberia todas as informações ANTES DE ENTRAR na instituição.
 
A segunda ordem de problema – o abandono por parte de companheiros e mestres – é um pouco mais complicado, embora também esteja ligado a uma reversão de expectativa.
 
Na Maçonaria, por seu sistema de progressão, o Irmão está sempre esperando que no próximo grau as coisas mudem. Até chegar lá. Aí descobre que nada muda, se a Loja é, por sua própria natureza, alienada ou entronizada. Se a Loja se resume a ler atas, cumprir o ritual e comer pizza chegará um momento em que o Maçom bem intencionado se cansará e deixará a Ordem.
 
É preciso revisar as proibições de discussão política em loja, visto que o brasileiro cada vez mais participa da vida social e precisa desse exercício. O que se tem a evitar é a política partidária, mas as grandes questões políticas precisam ser abordadas, sob pena de se ter sessões desinteressantes, maçantes e vazias.
 
As Lojas precisam ter, NO MÍNIMO, ações beneficentes que mobilizem toda a comunidade da loja, envolva as cunhadas e os sobrinhos e crie um senso de confraternização, de participação na sociedade. Os Irmãos precisam ter ALGUMA COISA A FAZER JUNTOS que não seja limitar-se a ler o ritual e comer pizza.
 
A visitação de lojas precisa ser incentivada para que o maçom adquira a consciência de que faz parte de uma rede poderosa que pode ser instrumentalizada. Precisa cultivar o networking que a visitação proporciona.
 
Essas providências podem não ser a resposta completa, mas pelo menos iniciaríamos uma ação voltada para a reversão da tendência atual.
 
 
Com o abraço que nos irmana e identifica
RuyR@mires.'.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

A ROSA CELESTIAL DA MAÇONARIA
















Rosa-cruz é denominação da fraternidade filosófica, que, de acordo com a tradição mais em voga, teria sido fundada por Christian Rosenkreuz e representa uma síntese do ocultismo imperante na Idade Média. Harvey Spencer Lewis pretende, todavia, que rosenkreuz tenha sido simplesmente um renovador, já que a instituição remontaria ao antigo Egito, à época do faraó Amenophis IV. O rosacucianos tem aceitado essa hipótese falseando, lamentavelmente a verdade histórica, pois, na realidade, essa fraternidade nasceu no período medieval, embora apresentando, em sua ritualística, muito do misticismo das antigas civilizações, como acontece com a maçonaria (muitos maçons também querem fazer crer que a Ordem Maçônica é antiquíssima e já existia no Antigo Egito e na Pérsia, o que é, verdadeiramente, uma heresia histórica).

O rosacrucianismo, assim como a Maçonaria, é um sincretismo de diversas correntes filosóficas religiosas: hermetismo egípcio, cabalismo judaico, gnosticismo cristão, alquimia etc. A primeira menção histórica da ordem data de 1614, quando surgiu o famoso documento intitulado “Fama Fraternitatis”, onde são contadas as viagens do alemão Rosenkreuz pela Arábia, Egito e Marrocos, locais onde teria adquirido sua sabedoria secreta, que só seria revelada aos iniciados.

A Ordem nas Américas

Harvey Spencer Lewis foi à  pessoa que reativou a AMORC na América do Norte, no início do século XX, já que ela havia existido anteriormente, onde algumas pessoas que se destacaram como Benjamim Franklin teriam pertencido à mesma. Na ocasião a Ordem era ativa em alguns países da Europa, como França e Alemanha, mas com rituais diferenciados. Harvey Spencer Lewis ao trazer a AMORC para a América, não o fez sem antes estudar por mais de 10 anos suas raízes, o que permitiu mais tarde unificar todas as ordens no mundo, cuja essência fosse a mesma. A introdução do estudo à distância permitiu a rápida proliferação da AMORC e em 1915 ele tornou-se o 1º IMPERADOR, (se supremo da Organização), para a América do Norte. A unificação com a as demais ordens ocorreu no início dos anos 30, tornando-se Lewis o primeiro imperador mundial. No Brasil, os estudos foram introduzidos na década de 50, e o cargo supremo é ocupado por um grande mestre. O nome AMORC – Antiga e mística Ordem Rosa Cruz foi dado para diferenciar-se de outras ordens filosóficas de mesmo nome, mas com diferente essência.

O Casamento Químico de Christian Rosenkreuz

O teólogo Johann Valentin Andréa, neto do também teólogo luterano Jacob Andréa, foi o homem que divulgou o rosacrucianismo. Andréa, que nasceu em Herremberg, no Werttemberg, em 1581, depois de viajar pelo mundo, retornou à Alemanha, onde se tornou pregador da corte e, posteriormente, abade. A sua principal importância, todavia, originou-se do papel que ele teve naquela sociedade alemã, que no princípio do século XVII, lutava por uma renovação da vida, com uma nova insuflação espiritual. A popularidade alcançada por Andréa, entretanto, com a Societas Solis (Sociedade do Sol), a que ele procurou dar vida e a Ordem das Palmeiras, em que ele foi admitido aos 60 anos de idade, não se comparou à que ele conseguiu ao publicar o seu romance satírico “O Casamento Químico de Christian Rosenkreuz”, que criticava, jocosamente, os alquimistas e as ligas secretas, numa época que, de maneira geral, era de desorientação, onde o ar andava cheio de rumores e a velha ordem religiosa desagregava-se. A partir de 1597, já aconteciam reuniões de  uma liga secreta de alquimistas, que haviam ficado sem irradiações e sem significado espiritual. Foi então que a palavra Rosa-Cruz adquiriu, rapidamente, uma grande força atrativa, a ponto de, num escrito anônimo de 1614, chamado “Transfiguração Geral do Mundo”, ser incluído o conceito de “Fama Fraternitatis R.C.’, sem necessidades de ser escrito por extenso, pois ele já era bem entendido. Uma outra pequena obra, surgida um ano depois e chamada “Confessio”, publicava a constituição e a exposição dos fins que a Ordem era destinada.

O Herói viveu 150 anos, extinguindo-se voluntariamente

De acordo com o “Confessio”, a ordem Rosa-cruz representaria uma alquimia de alto quilate, na qual em vez das pesquisas sobre a Pedra Filosofal, era buscada uma finalidade superior, ou seja, a abertura dos olhos do espírito, através dos quais pudesse, o homem, ficar apto a ver o mundo e os seus segredos com mais profundidade. As correntes dos alquimistas medievais, então, diante da necessidade espiritual da época, incrementada pela disposição de renovação e organização secreta, tomaram enorme vulto com o aparecimento do romance satírico de Andréa. O herói do romance é o Christian Rosenkreuz já descoberto pela “Fama Fraternitatis” e que já tinha, no século XIV, viajado pelo Oriente e, ali, aprendido a  “Sublime Ciência”; teria ele segundo a lenda que lhe cercou o nome, voltado para a Alemanha, onde sua idéia foi seguida por muitas pessoas, até chegar aos 150 anos de idade, quando, cansado na vida, extingui-se voluntariamente. Andréa, no romance, aproveitou-se do nome que havia sido encontrado para ser a figura fundadora, mas o seu Rosenkreuz era velho e impotente, motivo pelo qual o seu casamento só poderia ser químico. Todavia, ele tem cultura e conhece muitos segredos, além de estar sempre ávido por conhecer outros, por esse motivo é que, em cera ocasião, como hóspede da família real, ele entra num quarto em que dorme Vênus; depois quando, como outros convidados, ao ser proclamado cavaleiro da ordem da Pedra Dourada deve, de acordo com os estatutos da Ordem, repudiar toda a lascívia, torna-se público o seu erro. Assim, enquanto os outros vão embora, como cavaleiros da nova Ordem, ele tem que ali permanecer, na qualidade de porteiro, como castigo por ter descoberto Vênus.

A Alquimia Evidencia Uma Ligação Entre as Duas Ordens

Existe ligação entre a Maçonaria e os rosa-cruzes e essa ligação começou já na Idade Média. No fim do período medieval e começo da Idade Moderna, com inicio da decadência das corporações operativas (englobadas sob rótulo de maçonaria de Ofício ou operativa), estas começaram, paulatinamente, a aceitar elementos estranhos à arte de construir, admitindo, inicialmente, filósofos, hermetistas e alquimistas, cuja linguagem simbólica assemelhava-se à dos francos-maçons. Como a Ordem Rosa-cruz estava impregnada pelos alquimistas, como já vimos, Dará daí à ligação do rosacrucianismo e da alquimia com a Maçonaria. Leve-se em consideração, também, que durante o governo de José II, imperador da Alemanha de 1765 a 1790, e co regente dos domínios hereditários da Casa d’Áustria, houve um grande incremento da Ordem Rosa-cruz e sua comunidade, atingindo até a Corte e fazendo com que o imperador proibisse todas as sociedades secretas, abrindo, apenas, exceção aos maçons o que fez com que muitos rosa-cruzes procurassem as lojas.

Ambas as Ordens são medievais, se for considerado o maior incremento da Maçonaria de Ofício durante a Idade Média e o início de sua transformação em Maçonaria dos Aceitos (também chamada, indevidamente, de “Especulativa”). Se, todavia, considerarmos o início das corporações operativas, em Roma, no século VI antes de Cristo, a maçonaria é mais antiga. Isso é claro, levando em consideração apenas, as evidências históricas autênticas e não as “lendas”, que fazem remontar a origem de ambas as instituições ao antigo Egito. A maçonaria é uma ordem totalmente templária, ou seja, os ensinamentos só ocorrem dentro das lojas. Já a Antiga e Mística Ordem Rosa-cruz dá ao estudante o livre arbítrio de estudar em casa ou em um templo Rosa-cruz. O estudo em casa é acompanhado à distância.

O estudo no templo, mesmo não sendo obrigatório, proporciona ao estudante além do contato social como os demais integrantes, a possibilidade de participar de experimentos místicos em grupo, e poder discutir com os presentes os resultados, e por último, a reunião templária fortalece a energia positiva da organização, o que também ocorre na Maçonaria.

Da regeneração e imortalidade a Reformador Social

A partir da metade do século XVIII e, principalmente, depois de José II, com a maciça entrada dos rosa-cruzes nas lojas maçônicas, tornava-se difícil, de uma maneira geral, separar Maçonaria e rosacrucianismo, tendo, a instituição maçônica, incorporado, aos seus vários ritos, o símbolo máximo dos rosa-cruzes: ao 18º grau do Rito Escocês Antigo e Aceito, ao 7º grau do Rito Moderno, ao 18º grau do Rito Adonhiramita, etc. O Cavaleiro Rosa Cruz, é, como o próprio nome diz, um grau cavalheiresco e se constitui no 18º Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito. A sua origem hermetista e a sua integração na Maçonaria, durante a Segunda metade do século XVIII, leva a marca dos ritualistas alquímicos, que redigiram naquela época os rituais dos Altos Graus. O hermetismo atribuído ao Grau 18 é perceptível no símbolo do grau, que tem uma Rosa sobreposta à Cruz, representando esta, o sacrifício e a Rosa o segredo da imortalidade, que nada mais é do que o esoterismo cristão, com a ressurreição de Jesus Cristo, ou seja, a tipificação da transcendência da Grande Obra.

A Maçonaria também incorporou, em larga escala, o simbolismo dos rosa-cruzes, herdeiros dos alquimistas, modificando, um pouco, o seu significado e reduzindo-o a termos mais reais. Assim, o segredo da imortalidade da alma e do espírito humano, enquanto é aceito o princípio da regeneração só pode ocorrer através do aperfeiçoamento contínuo do homem e através da constante investigação da Verdade. O misticismo dos símbolos rosa-cruzes, todavia, foi mantido, pois embora a Maçonaria não seja uma ordem mística, ela, para divulgar, a sua mensagem de reformadora social, utiliza-se do misticismo de diversas civilizações e de várias correntes filosóficas, ocultistas e metafísicas.
As Iniciações Uma singularidade entre a AMORC e a Maçonaria, são as iniciações nos seus respectivos graus, sendo que para ambas, a primeira é a mais marcante. No caso da Maçonaria a iniciação é ao grau de Aprendiz, e da AMORC, a admissão ao 1º grau de templo. As iniciações têm o mesmo objetivo, impressionar o iniciante, levá-lo à reflexão, para que ele decida naquele momento se deve ou não seguir adiante, e se o fizer assumir o compromisso de manter velados todos os símbolos, usos e costumes da instituição de que fará parte.


O Simbolismo

Vários são os símbolos comuns às duas instituições, a começar pela disposição dos mestres com cargos, lembrando os pontos cardeais, e a passagem do Sol pela Terra, do Oriente ao Ocidente. Cada ponto cardeal é ocupado por um membro. A figura do venerável mestre na maçonaria, ocupando sua posição no Oriente, encontra similar na Ordem Rosa-cruz, na figura de um mestre instalado, que ocupa seu lugar no leste. A linha imaginária que vai do altar dos juramentos ao Painel do Grau, e a caminhada somente no sentido horário, também é similar. Em ambos os casos o templo é pintado na cor azul celeste, e a entrada dos membros ocorre pelo Ocidente.

O altar dos juramentos encontra semelhança no Shekinah na ordem Rosa Cruz, sendo que neste último não se usa a bíblia ou outro livro, mas sim três velas dispostas de forma triangular, que são acesas no início do ritual e apagadas ao final deste, simbolizando a luz, a Vida e o Amor. Outra semelhança é o uso de avental por todos os membros iniciados ao adentrarem o templo, enquanto que os oficiais, (equivalente aos mestres com cargo), usam paramentos especiais, cada qual simbolizando o cargo que ocupa no ritual.

O avental usado pelos membros não diferencia o grau de estudo

Algumas das diferenças ficam por conta da condução do ritual, onde na rosa cruz tem caráter místico-filosófico. Os iniciantes na Ordem Rosa Cruz recebem seus estudos em um templo separado, anexo ao templo principal, enquanto os aprendizes maçons recebem suas instruções juntamente com os demais irmãos e, finalmente, o formato físico da loja maçônica lembra as construções greco-romanas, enquanto que a Ordem Rosa Cruz (AMORC) lembra as construções egípcias.


Com o abraço que nos irmana e identifica

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

A PREVALÊNCIA DO ESPÍRITO SOBRE A MATÉRIA





















Não há efeito sem causa; o nada não poderia produzir coisa alguma. Estão aí axiomas, isto é, verdades incontestáveis. Ora, como se verifica em cada um de nós a existência de forças, de potências que não podem ser consideradas como materiais há necessidade, para explicar a sua causa, de remontar a outra origem além da matéria, a esse princípio que designamos alma ou Espírito.

Quando, perscrutando-nos a nós mesmos, queremos aprender a nos conhecermos, a analisar as nossas faculdades; quando afastando da nossa alma a escuna nela acumulada pela vida, o espesso invólucro de que os preconceitos, os erros, os sofismas revestiram a nossa inteligência – penetramos nos recessos mais íntimos do nosso ser e nos achamos então em face desses princípios augustos, sem os quais não há grandeza para a Humanidade: o amor do bem, o sentimento da justiça e do progresso. Esses princípios, que se encontram nos graus diversos, no ignorante do mesmo modo que no homem de gênio, não podem proceder da matéria, que esta desprovida de tais atributos. E se, a matéria, que não possui essas qualidades, como poderia por si só formar os seres que estão com elas dotados? O sentimento do belo e do verdadeiro, a admiração que experimentamos pelas obras grandes e generosas, teria assim a mesma origem que a carne do nosso corpo e o sangue de nossas veias. Entretanto, devemos antes considerá-los como reflexos de uma alta e pura luz que brilha em cada um de nós, do mesmo modo que o Sol se reflete sobre as águas, estejam estas turvas ou límpidas. Em vão se pretenderia que tudo fosse matéria. Pois que! Somos susceptíveis de amor e bondade; amamos a virtude, a dedicação, o heroísmo; o sentimento da beleza moral está gravado em nós; a harmonia das leis e das coisas nos penetra nos inebria; e nada de tudo isso nos distinguiria da matéria? Sentimos, amamos, possuímos a consciência, à vontade e a razão, e procederíamos duma causa que não sente, não ama, nem conhece coisa alguma, que é cega e muda! Superiores a força que nos produz, seriamos mais perfeitos e melhores do que ela.

Tal modo de ver não suporta um exame. O homem participa de duas naturezas. Pelo seu corpo, pelos seus órgãos deriva-se da matéria; pelas suas faculdades intelectuais e morais; procede do Espírito.

Relativamente ao corpo humano, digamos ainda com mais exatidão que os órgãos componentes dessa máquina admirável são semelhantes a rodas incapazes de andar sem um motor, sem uma vontade que os ponha em ação. Esse motor é a alma. Um terceiro elemento liga a ambos, transmitindo ao organismo as ordens do pensamento. Esse elemento é o perispírito, matéria etérea que escapa aos nossos sentidos. Ele envolve a alma, acompanha-a depois da morte nas suas peregrinações infinitas, depurando-se, progredindo com ela, constituindo para ela um corpo diáfano, vaporoso.

O Espírito reside na matéria, como um prisioneiro em sua cela; os sentidos são as fendas pelas quais se comunica com o mundo exterior. Mas, enquanto a matéria declina cedo ou tarde, se enfraquece e se desagrega, o Espírito aumenta em poder e se fortifica pela educação e pela experiência. Suas aspirações engrandecem, estende-se por além-túmulo; sua necessidade de saber, de conhecer, de viver é sem limites. Tudo isso mostra que o ser humano só temporariamente pertence à matéria. O corpo não passa de um vestuário de empréstimo, de uma forma passageira, de um instrumento por meio do qual a alma prossegue neste mundo a sua obra de depuração e progresso. A vida espiritual é a vida normal, verdadeira, sem-fim.

Desenvolvimento

A virtude, o conhecimento, a sabedoria e a bondade são atributos do espírito. Portanto, é o Espírito que se melhora e busca progressivamente a perfeição pelo conhecimento da verdade. No início há uma predominância da matéria sobre o espírito. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões que lhe são consequentes. Com o desenvolvimento e conhecimento, suas qualidades morais, sabedoria e bondade, passam a predominar. É a predominância do espírito sobre a matéria. É o desejo do bem na busca da perfeição pelo conhecimento da verdade.

A – As Grandes Doutrinas
Todas as grandes doutrinas nos dão indicações e caminhos para se atingir a verdade, o grande mistério. A Maçonaria Universal sofreu influência de todas elas e carregam no significado dos seus símbolos marcas dessa influência.

Essas grandes doutrinas tiveram duas faces: uma aparente e outra oculta. Uma forma material, que eram as cerimônias, os cultos e os símbolos, para instigar a imaginação do povo. A outra, espiritual, onde estão os conhecimentos científico e filosófico, a verdade da vida somente interpretada pelos iniciados em doses proporcionais ao desenvolvimento das suas qualidades morais e intelectuais.

Com o domínio do conhecimento e interpretação dos seus símbolos entenderemos que a vida nada mais é que a evolução no tempo e no espaço, do espírito, única realidade permanente. A matéria é sua expressão inferior, sua forma variável. O Ser por excelência, o G\A\D\U\ e fonte de todos os seres é Deus, simultaneamente triplo e uno. É a essência, substância e vida em que se resume todo o universo.

Eis porque podemos encontrar o G\A\D\U\no mais profundo do nosso ser, interrogando a nós mesmos na solidão, estudando e desenvolvendo as nossas faculdades: a razão e a consciência.

B – Interpretação das Grandes Doutrinas
A doutrina secreta acha-se no fundo de todas as religiões e dos livros sagrados de todos os povos.

Existe uma vasta literatura, onde podemos comprovar e esmiuçar sobre um tema tão sério e porque não dizer polêmico, devido às várias interpretações e formas de adoração, mas tendo em comum a crença de uma vida eterna, após o cumprimento desta passagem por esta.

Os primeiros livros em que se encontra exposta a grande doutrina são os Vedas. É o molde em que se formou a religião primitiva da Índia, onde eles celebravam agni, o fogo, símbolo eterno masculino ou espírito criador e soma símbolo do eterno feminino, alma do mundo, substância etérea, que em sua perfeita união constituem o ser supremo que se imola a si mesmo para produzir a vida universal. Acreditando na imortalidade da alma e a reencarnação.

Na vasta solidão dos bosques viviam, em retiro, os rishis. Intérpretes da ciência oculta da doutrina secreta dos vedas, eles já possuíam os misteriosos poderes transmitidos através dos séculos de que gozam ainda os faquires e os iogues. Desses solitários saiu o pensamento inovador, o primeiro impulso que fez do bramanismo a mais colossal das teocracias.

O inspirador das crenças dos Hindus, Krishna, aparece na história como o primeiro reformador, sendo que renovou a doutrina védica apoiando-se sobre as ideias da trindade, da imortalidade da alma e de seus renascimentos sucessivos. E através desta teoria, conquistou muitos seguidores e desenvolveu muitos conceitos e ideologias, entre tantos ensinamentos de sua teoria dizia aos seus seguidores escolhidos: “Revelei-vos os grandes segredos. Não os digais senão àqueles que os podem compreender, sois os meus eleitos: vedes o alvo. A multidão só descortina uma ponta do caminho”.

Por estas palavras a doutrina secreta estava fundada
A moral budista por sua vez já preconizava aos seus adeptos milenares: é necessário praticar o Bem porque o Bem é o fim supremo da natureza. A Ciência e o Amor são os dois fatores essenciais do Universo. Enquanto não os adquirir, o ser está condenado a prosseguir na série das experiências terrestres.

Em Dhmmapada encontramos estas orientações morais: Assim como a chuva passa através de uma casa mal coberta, assim a paixão atravessa a alma pouco refletida. Pela reflexão, moderação e domínio de si mesmo, o homem transforma-se numa rocha que tempestade alguma pode abalar. O homem colhe exatamente aquilo que semeou.

No Egito onde às portas do deserto erguem-se os templos e as pirâmides, o culto de Ísis e Osíris também apresentava duas faces. Debaixo dos grandes espetáculos e cerimônias públicas ocultava-se o verdadeiro ensino dos pequenos e grandes mistérios. A antiga doutrina, do verbo luz, simultaneamente inteligência, força e matéria; espírito, alma e corpo, analogia perfeita com a filosofia da Índia, foram o segredo da vitalidade do Egito.

Sob formas austeras os princípios desta doutrina eram expressos pelos livros sagrados de Hermes, que durante sua iniciação teve uma visão na qual conversou com o Grande Ser, Osíris e sua visão eram transmitidos vocalmente de pontífice a pontífice e gravada em sinais hieróglifos nas abóbadas das criptas subterrâneas.

Elas reconheciam Deus como Pai, pregava o fogo das profundezas e a luz no Céu, ou seja, um plano superior, onde o Destino do espírito humano tem duas fases: Cativeiro na matéria e ascensão na luz. Almas inferiores e más ficam presas a vários renascimentos na terra, porém as almas virtuosas sobem voando pare esferas superiores, denominadas em sete juntam: sabedoria, amor, justiça, beleza, esplendor, ciência, imortalidade. E “esta visão encerra o segredo de todas as coisas”.

Pitágoras, que havia estudado por 30 anos no Egito, levou para a Grécia, através da sua Academia de Crotona, as doutrinas secretas do oriente e soube fazer delas uma vas síntese, tendo como sucessores de sua obra Sócrates e mais tarde Platão, sendo que Platão foi também iniciado nos grandes mistérios egípcios e Sócrates condenado a beber cicuta pelo fato de insurgir contra os vícios que corrompiam a mocidade de seu tempo, legando, no entanto, até o momento de seu sacrifício, seus ensinamentos.

No Egito, na Grécia ou na Índia, os Grandes mistérios consistiam de uma mesma coisa: o conhecimento do segredo da morte, a revelação das vidas sucessivas e a comunicação com o mundo ocultam.

Os Hebreus eram uma ilha de monoteísmo cercada de povos politeístas por todos os lados. Como máximo legislador se destaca Moisés, cuja maior contribuição à humanidade não foi o seu Pentateuco, os seus cinco livros (Gênesis, Deuteronômio, Êxodo, Levítico e Números) com que se abre a Bíblia Sagrada dos Cristãos... mas sim o decálogo recebido no Monte Sinai encerrando Mandamentos de valorização e enobrecimento da Alma.

Assim em uma pequena manjedoura em Belém de Judá, no silêncio da noite, nasce JESUS, sendo que até o encontro com João Batista, os evangelhos guardaram um silêncio absoluto sobre seus passos, e somente após este encontro de algum modo tomou posse de seu mistério, passando vários anos com os essênios. Submeteu-se a sua disciplina, de ordem severa, onde para ingressar era necessário um noviciado de um ano. Quem dava provas suficientes de temperança era admitido, sem, contudo entrar em contato com os mestres. Eram precisos mais dois anos de provas recebido na confraria. Jurava-se “por terríveis juramentos” observar os deveres da ordem e nada revelarem de seus segredos. Sendo assim houve uma relação íntima entre a doutrina de Jesus e a dos Essênios, que evidentemente eram considerados irmãos ligados a eles pelo juramento de seus mistérios. Sendo assim Ele próprio dizia: “Não vim para abolir as leis dos profetas, mas sim para cumpri-las”.

Consequentemente acumular riquezas materiais ou mesmo viver escravo das mesmas é tão temporário quanto este corpo que possuímos, porque nada poderemos carregar junto na passagem da continuidade desta vida, o conhecimento material alarga a visão do homem para que melhor se situe no mundo e acima de tudo se torne mais amigo das coisas belas e mais irmãos dos seus semelhantes... Quanto ao dinheiro, poderíamos compará-lo à água. Se parada é a estagnação... Se corrente, é a benção dos vales... Se desgovernada, é a inundação semeando a destruição... Se sob controle, é a represa convertendo-se a energia... Sob o Sol, evapora-se de onde está em excesso e faz-se chuva sobre a gleba ressequida... Sob o calor do nosso Amor, as moedas podem ir a socorro da dor alheia na forma de chuva de benefícios, angustiadamente esperados... 

CONCLUSÃO

A Maçonaria nos desperta para a nossa verdadeira natureza de alma imortal a despeito dos disfarces da vida material... O corpo não passa de um envoltório que é passageiro, que é perecível, que é falaz... As circunstâncias da vida como a cultura, o dinheiro, a saúde, a fama, o poder, a casa bonita, o último carro, as iguarias deliciosas, o leito macio, tudo isso é um breve estágio porque estamos passando... Uma ligeira oportunidade de evolução que o G\A\D\U\, por infinita Misericórdia, nos está concedendo para o nosso progresso em todos os sentidos.

Nas experiências deste mundo não raro encontramos, como pano de fundo, os gemidos da dor, as angústias do desespero moral, onde se desfazem as ilusões e descobrimos a nossa verdadeira natureza. Atinamos em fim com a nossa individualidade espiritual.

Irmãos queridos! O G\A\D\U\não nos destinou para a brevidade desta existência terrena. Não embora o estágio na Terra seja sumamente valioso para o nosso progresso evolutivo, a verdade é que somos cidadãos do infinito.

E um porvir cheio de nobres realizações inimagináveis nos aguarda no Grande Além. Emoções que a linguagem humana não consegue definir inundam de ventura perene o ânimo da Alma em sua trajetória de ascensão sublime para o G\A\D\U\.

O homem que se fecha em si mesmo ou só se abre às coisas corriqueiras do seu estreito mundo material é incapaz de conhecer o que seja a vida da alma.

E nós maçons, que tivemos a grata oportunidade de iniciarmos nos mistérios da Arte Real, somos conclamados a esta reflexão cada vez que adentramos ao templo maçônico, que nos convida a uma viagem a esta milenar história, adornando com seus símbolos e rituais e tendo como ápice desta conclamação o sublime momento em que o Ven\Mestr\no fechamento da loja evoca:
 
“Oh! G\A\D\U\ fonte fecunda de Luz, Felicidade e Virtude...”



Bibliografia

Bhagavad-gita – A mensagem do mestre
Os grandes iniciados – Édouard Schvré
Depois da morte – Leon Denis
O porquê da vida – Leon Denis
Constituição do G
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Grau do Aprendiz e seus mistérios – Jorge Adoum
A delicada questão da vida – Celso Martins



Com o abraço que nos irmana e identifica
RuyR@mires.'.