LANDMARKS - Na minha - particular - interpretação


LandmarkS

A palavra landmark aparece pela primeira vez na Maçonaria na compilação dos Regulamentos Gerais de 1721.
Para que uma norma Maçônica seja considerada um verdadeiro ‘limite’, ela deve ser imemorial, espontânea e universalmente aceita.
O conceito imemorial significa que uma regra para ser um lindeiro, deve ter uma antiguidade suficiente para que nem se possa estabelecer no tempo a sua origem.
O conceito espontâneo significa um verdadeiro Landmark não ter autor conhecido, mas que foi gerado pelo uso da comunidade.
O conceito de universal aceitação significa que uma norma só aceita em algumas comunidades maçônicas, não é um legítimo limite, mas sim, uma regra particular de conduta.
Estabelecida essa premissa, passo a analisar a classificação de Landmark de Mackey.
Em 1858, segundo consta, ele estabeleceu uma classificação de 25 Landmarks, a meu ver, altamente discutível até hoje, porque muitos deles são simples regras administrativas, situáveis no tempo, não espontâneas e nem tampouco universalmente aceitas.

1-         Os métodos de reconhecimento.
Não representam um verdadeiro limite, porque os atuais métodos não estavam em uso na antiga Maçonaria. Eles não são os mesmos em todas as partes, portanto, podendo futuramente ser modificados.
2-        A divisão da Maçonaria Simbólica em Três Graus.
Também é discutível, já que a antiga Maçonaria Operativa não possuía Graus. Essa norma não é imemorial.
3-        A Lenda do Terceiro Grau.
A Lenda do Terceiro Grau só foi introduzida depois da criação da Primeira Grande Loja, a partir de 1724; tem data marcada na história, não sendo imemorial e nem espontânea.
4-        O Governo da Fraternidade por um Grão Mestre eleito.
Também tem data marcada, se iniciou com Anthony Sayer, eleito em 1717, Grão Mestre da Primeira Grande Loja, fundada na ocasião.
5-        A prerrogativa do Grão Mestre de presidir as assembléias da Fraternidade.
6-        A prerrogativa do Grão Mestre de outorgar a dispensa de prazo para a concessão de Graus.
7-        A prerrogativa do Grão Mestre de conceder dispensas a fim de abrir e manter Lojas.
8-        A prerrogativa do Grão Mestre de iniciar maçons com dispensa de cerimônias.
9-        A obrigação dos Maçons de se reunirem em Loja.
Este sim é um verdadeiro Landmark, pois é antiga, imemorial, espontânea e universalmente aceita.
10-     O Governo da Loja por um Venerável e dois Vigilantes.
É um Landmark verdadeiro a exigência do governo da Loja por um Venerável e dois Vigilantes, pois a prática se perde no tempo e é aceita em todo o mundo.
11-      A obrigação de velar para que a Loja esteja coberta.
Também é um Landmark a recomendação e que a Loja, durante os seus trabalhos maçônicos foram restritos aos iniciados, sem que admitisse a presença de estranhos.
12-     O direito representativo de Obreiro nas assembléias Gerais.
É altamente discutível. Preliminarmente, os Aprendizes e Companheiros tinham o direito de presenciar as Assembléias e votar, mas a representatividade era restrita ao Venerável e aos Vigilantes; modernamente houve mudanças e, portanto, a inalterabilidade foi esquecida.
13-     O direito de recorrer a Grande Loja de decisões da Loja.
Jamais existiu e se verdadeiramente implantada, seria uma mera medida administrativa e não um verdadeiro Landmark.
14-     O direito de visitação.
Não é um Landmark, pois nunca existiu entre Lojas antigas; não é universalmente aceita como Landmark.
15-     O telhamento dos visitantes.
Também não é um verdadeiro Landmark, pois esse exame não exclui a apresentação de documentos de idade maçônica e nem a garantia pessoal de outro Maçom.
16-     A proibição de uma Loja interferir nos assuntos de outra e de conferir Graus aos membros desta.
Além de não ser um Landmark verdadeiro, é uma medida altamente dúbia, pois impediria, inclusive, que uma Oficina impugnasse um profano nocivo, apresentado em outra Loja.
17-     A sujeição dos Maçons às Leis e Regulamentos da jurisdição em que reside, mesmo que não seja membro de alguma Loja.
Além de não ser um verdadeiro Landmark, é absolutamente ridículo, pois sujeitaria o Maçom residente, provisoriamente, num outro país, e não filiado aí a nenhuma Loja, às Leis e Regulamentos de uma Obediência que não é sua.
18-     A exigência de que o candidato seja homem, não mutilado, livre de nascimento e maior de idade.
Um verdadeiro Landmark, pois é antiga, espontânea e aceita por todas as Obediências Regulares.
19-     A crença em Deus.
20-    A crença na imortalidade da alma.
Pode ser considerado um Landmark, porque tem raízes profundas na história das organizações medievais de ofício, que nasceram e floresceram à sombra da igreja, a católica, a anglicana e as protestantes.
21-     A presença do volume das Sagradas Escrituras em todas as Lojas.
Discutível como Landmark, pois as antigas Lojas não adotavam o seu uso. Surgiu a partir de 1740, como uma resolução da Primeira Grande Loja; antes disso, o uso da Bíblia era facultativo e adotado em apenas algumas Lojas inglesas.
22-    A igualdade entre os Maçons.
É um verdadeiro Landmark, pois se trata de norma antiga, espontânea e universalmente aceita.
23-    O sigilo
A necessidade do sigilo maçônico, pelo menos no que toca a procedimentos que poderiam permitir que um profano tivesse acesso a uma reunião maçônica é um Landmark respeitável, porque existe desde tempos imemoriais e é aceito mundialmente, sem contestações, embora, muitas vezes, com transgressões.
24-    O estabelecimento de uma ciência especulativa sobre uma arte operativa, e o uso de um Simbolismo, notadamente tirado no Templo de Salomão, berço simbólico da Maçonaria.
Não é um Landmark verdadeiro, mas sim uma recomendação.
25-    A inalterabilidade dos Landmarks precedentes; como são recebidos deve ser transmitido à posteridade.
Além de não ser um verdadeiro Landmark, pois é o seu próprio autor que assim o enuncia, o que lhe tira qualquer foro de antiguidade e de espontaneidade, além de não lhe conferir aceitação geral. Foi uma mera invenção de Mackey, talvez para preservar o seu trabalho de compilação que, em alguns pontos, é digno de crédito, mas, que em outros, teve a sua ‘contribuição pessoal’, independente dos antigos usos e costumes.

Sendo assim, salvo melhor entendimento, a classificação dos Landmarks a meu ver seria:
1-     A necessidade dos maçons se reunirem em Lojas.
2-    O Governo de cada Loja por um Venerável e dois Vigilantes.
3-    A crença no Grande Arquiteto do Universo e numa vida futura.
4-   A cobertura dos trabalhos em Loja.
5-    A proibição da divulgação dos segredos da Maçonaria, ou seja, o sigilo maçônico.


‘Ex-positis’, concluo afirmando que nos países latinos a Classificação de Mackey reina soberana, sendo quase sempre a única conhecida e tomada como lei incontestável, embora seja uma das mais falhas e mais mentalmente castradoras de todas as compilações existentes, ‘salvo melhor juízo’.
  

Or\ de Águas de São Pedro, 16º Dia do 6º mês ELUL do A\ 6010 da V\L\.
(05 de setembro de 2010)
Ruy Luiz Ramires
M.'.I.'.