domingo, 18 de agosto de 2013

MAÇONARIA PARA NÃO MAÇONS






Adaptação da série de textos “Maçonaria para Não Maçons”,  publicados originalmente no blog  Maçonaria e Satanismo em duas partes. A bibliografia recomendada no final do artigo é originária dos blogs  Maçonaria e SatanismoTeoria da Conspiração No Esquadro. 


Bem, ao começar a falar da Maçonaria, gostaria de principiar esse Post na certeza de que será um dos mais importantes para quem deseja compreender melhor o funcionamento da Maçonaria.
Os Mistérios e Segredos da Maçonaria são sempre temas de demoradas discussões que, na grande totalidade das vezes, não leva a lugar algum.

Tentarei abordar, de forma clara, como se ‘aprende’ e se ‘estuda’ dentro da Maçonaria. A grande verdade é que, entendendo isso, muitas outras coisas ficarão mais claras de se entender.
É muito comum, para quem não é membro, pensar na Maçonaria como uma Escola no sentido ‘acadêmico’, como se houvesse uma grade curricular que envolvesse todo o conhecimento que existe ali dentro. Quem pensa isso acaba acreditando, logicamente que, ao atingir o Grau 33 o Maçom passa a ser detentor de todo o conhecimento que existe dentro da Ordem. No entanto, nada poderia estar mais distante da realidade. Mas, vamos por partes, para que você possa entender melhor o porquê isso acontece. 

Maçonaria: Duas Organizações, uma Visível e outra Invisível? 

Existe um site Cristão, bem conhecido (A Espada do Espírito), do qual irei utilizar de um de seus Artigos, como base, para explicar algo muito importante para você, que não é Maçom, entender melhor como funciona a Ordem.

O nome do texto é justamente esse: Maçonaria: Duas Organizações, Uma Visível, Outra Invisível (dê uma lida, vale a pena).

O artigo, resumidamente, tenta demonstrar que existe uma ‘Maçonaria Invisível’, dentro da própria Maçonaria, onde estão os verdadeiros Maçons (que, para eles, são os Satanistas que preparam o Anticristo).

O argumento mais forte é uma citação do autor Manly Hall, que diz haver uma sociedade visível, que se dedica às atividades ‘éticas, educacionais, fraternais, patrióticas e humanitárias’, enquanto, a sociedade invisível ‘é uma fraternidade secreta e augustíssima (de majestosa dignidade e grandiosidade), cujos membros dedicam-se ao serviço dos arcanos’.

Ele diz a verdade, mas não da forma como é interpretada nesse artigo.

Para entender porque isso não é verdade, é preciso explicar algo muito triste, porém, muito verdadeiro, dentro da Ordem Maçônica. A maioria dos membros são altamente despreparados e a estrutura das Potências Maçônicas (GOB, COMAB, CMSB) não oferece nada que possa instruir seus membros com relação à tudo que a Ordem pode lhes oferecer.

Como eu dizia no começo, ser Grau 33 não garante que o membro seja detentor do conhecimento pleno da Maçonaria.

Por que isto acontece?

Porque não existe cobrança, de um Grau para outro, que exija estudo e conhecimento da Ordem (até existem alguns trabalhos, mas não são passíveis de ‘reprovação’). Ou seja, não existindo essa exigência, não há motivo para que as Potências Maçônicas organizem qualquer tipo de estudo referente aos Graus.

Tudo isso faz com que, para cada Grau que o Maçom avance, ele tenha contato com um novo Ritual, novos Símbolos e uma nova percepção da Filosofia Maçônica, sem que lhe seja fornecido um Material para lhe explicar (e, posteriormente, lhe cobrar) o MÍNIMO que ele – na condição de Maçom daquele grau – deveria saber.

Devido a isso é compreensível que os ‘não maçons’ (como esses que escreveram o artigo em questão) acreditem, verdadeiramente, que existem duas ordens distintas dentro da Maçonaria, afinal, o que mais justificaria existirem Maçons que conhecem tanto sobre a Ordem e outros que, praticamente, não conhecem nada?

Quando isso acontece é REALMENTE compreensível que fique a impressão de que estes Maçons (que são bem distintos) fazem parte de Ordens diferentes, onde uma é realmente muito séria e instrui os seus membros, e outra, apenas o ‘clubinho’ da cidade.

Era sobre isso que o Maçom Manly Hall se referia ao dizer que existe uma ‘outra Ordem’ onde os Maçons conheciam os ‘verdadeiros arcanos’. São aqueles realmente dedicados, que estudam, debatem e frequentam as ‘academias maçônicas de estudos’ para se aprimorarem no estudo dessa magnífica Ordem.

Mas, você deve estar se perguntando: ‘Como então os Maçons dedicados da Ordem fazem para se instruir’? Bem, material de qualidade é o que não falta (mas, isso será assunto para uma próxima oportunidade). 

Os Rituais e a Literatura Maçônica 

Cada Ordem Iniciática tem sua forma de transmitir o seu conhecimento, algumas mais diretas e outras mais indiretas.

Por exemplo, a Rosa+Cruz da ‘Antiga e Mística Ordem Rosa+Cruz’ (AMORC) é uma das que tem a forma mais direta. Ela o faz por meio de pequenas ‘monografias’ que são entregues aos seus membros a cada novo Grau que ele percorre. Com isso é possível que o membro tenha uma visão macro do universo que ele está envolvido.

Nesse caso, mesmo esse material, não tem tudo que o membro poderia saber sobre a Rosa+Cruz, MAS, tem tudo que ele precisa saber para estar ali. Se ele quiser compreender todo o conhecimento da Ordem, em sua plenitude, irá precisar de uma série de centenas de livros para isso (nota do editor: embora o autor do texto afirme que apenas através da leitura de uma série de livros podemos adquiri o conhecimento de uma ordem como a AMORC, vale ressaltar que ‘está tudo dentro de você’ e que através das práticas e experimentos você poderá ter também o conhecimento, além disso, algumas Ordens estimulam adquirir conhecimento apenas através de meditação, portanto creio que o autor refere-se apenas ao aspecto intelectual/filosófico, mas não anulando o valor das práticas místicas e esotéricas que as Ordens Iniciáticas possuem).

Outras Ordens apresentarão livros ou apostilas, ao invés de monografias. Ou seja, no geral, a maioria das Ordens tem uma forma um pouco ‘acadêmica’ de transmitir seu conhecimento. No entanto, esse não é o caso da Maçonaria.

Na Maçonaria não há um Material Acadêmico INSTITUCIONALIZADO para os Graus.

Existem muitos livros sobre o ‘universo’ que envolve a Maçonaria, que foram escritos durante os últimos 03 séculos, por vários Maçons de renome e que acompanharam o desenvolvimento da Maçonaria Moderna.

Acontece que essa ‘Literatura Maçônica’ não é obrigatória e nem se faz necessária para que o membro se desenvolva através dos graus.

É claro que muitos Maçons podem argumentar que as ‘lições de virtude’, aprendidas na Ordem, são o que realmente importa, mas quero lembrar que, isso não muda o fato de que existe uma riqueza imensurável no Simbolismo de nossos Rituais.

Nessa Literatura podem ser encontradas todas as vertentes que o caminho Maçônico pode te levar. Da compreensão das Virtudes ao estudo das Antigas Escolas de Mistério.

Mas, se o conhecimento dessas obras não é obrigatório, o que tem nos Graus?

Os Rituais, na Ordem Maçônica, são a base de cada Grau. Cada Ritual apresenta uma ‘história’ diferente. Dele é tirado todo o Simbolismo e a Filosofia daquele Grau.

Em contrapartida, temos uma vasta Literatura Maçônica que, além da história da Ordem, trata de todo o Simbolismo que pode ser encontrado nesses Rituais.

Essa Literatura pode ser encontrada em quaisquer Livrarias (salve raros materiais que estão em algumas bibliotecas maçônicas). Todos podem ter acesso – basta ir lá e comprar.

Muito misterioso, não acha?

Mas se é tão simples assim, todos podem estudar e entender a Maçonaria de forma plena, certo? Bem, não é tão simples assim.

A Literatura Maçônica trata do conhecimento que estão nos Graus, mas não explica abertamente os Rituais. Isso faz com que não seja possível que um ‘não Maçom’ tenha compreensão plena de como isso funciona.

Esse material pode tratar de Qabalah, Hermetismo, Teosofia, Mistérios do Antigo Egito e etc. Mas aquele que não é membro não será capaz de fazer a relação necessária desse conhecimento com a Ordem.

Em outras palavras, ele pode sim, através desse material, aprender as Leis Espirituais do Hermetismo, mas não será capaz de entender qual é a relação desse conteúdo com a Ordem, pois não teve acesso aos Rituais. Infelizmente, o contrário também acontece.

Quando um Maçom tem contato com o Ritual de um determinado Grau, tem contato com uma nova história e seus ensinamentos de virtude, mas não é capaz de compreender, em plenitude, tudo o que aquele Simbolismo é capaz de transmitir.

Ou seja, para fins ‘didáticos’, é possível dizer que a Literatura Maçônica representa 50% da compreensão dos ensinamentos, enquanto os Rituais representam os outros 50% restantes. Para conseguir uma compreensão plena, não bastará conhecer apenas um ou outro. Mas é o que mais acontece.

Quando se encontra um Maçom que conhece MUITO sobre a Ordem, e outro que não conhece quase nada, fica a impressão de que existem duas Ordens.

Claro que, no caso do Post em comento, ele foi escrito por religiosos protestantes que acreditam que o Conhecimento Maçônico REAL tem relação com ‘adoração ao Demônio’, já que, para muitos religiosos fervorosos, tudo que não faz parte da própria religião é demoníaco. 

Sugestão de Literatura 

Moral e Dogma do REAA (Albert Pike) 
Pequena História da Maçonaria (Charles Leadbeater) 
Uma Radioscopia da Maçonaria (Nicola Aslan) 
Origens do Misticismo na Maçonaria (José Castellani) 
A Chave de Hiram (Christopher Knight) 
Dicionário Maçônico (Rizzardo da Camino) 
Girando a Chave de Hiram (Robert Lomas) 
O Livro de Hiran (Christopher Knight) 
Maçonaria, Escola de Mistérios (Wagner Veneziani Costa) 
Revelando o Código da Maçonaria (Robert Cooper) 
O Simbolismo na Maçonaria (Colin Dyer) 
Maçonaria Universal: Um novo Guia para o Mundo Maçônico – As Américas (Keth Henderson) 
Desmistificando a Maçonaria (Kennyo Ismail) 
O Mito Maçônico (Jay Kinney) 
O Simbolismo da Maçonaria – Volumes I e II (Albert Mackey) 
Os Princípios das Leis Maçônicas – Volumes I e II (Albert Mackey) 
O poder da maçonaria: a história de uma sociedade secreta no Brasil (Marco Morel) 
Os Fios da Meada (João Guilherme Ribeiro) 
As Origens Ocultas da Maçonaria (Mark Stavish) 


Com o abraço que nos irmana e identifica 
RuyR@mires.'.

Um comentário:

  1. Olá meu amigo. Seu artig além de muito bem produzido esclareceu-me pontos bem interessantes.

    Eu estava a procurar por indicações de literatura antes de ser um maçon. Já fui convidado 2 vezes e nõaceitei por vários motivos, um deles por achar que sei muito pouco de uma ordem filosófica que tanta literatura já tem escrita.

    Muito obrigado e nos falamos em breve

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