O Aron Hakodesh – a Arca Sagrada ou Arca da Aliança – era o ponto focal do Tabernáculo, o local de maior santidade pelo fato de abrigar as Tábuas da Lei e a Torá, Testemunhos da Aliança Eterna selada no Monte Sinai entre D’us e Seu povo. Era também um “caminho” para a mais elevada dimensão espiritual; pois, como está dito na Torá, o Eterno se comunicaria com Moisés “por sobre a Arca”. (Êxodo 25:22)
Terminara uma experiência
extraordinária. Do topo do Monte Sinai, envolto em espessa nuvem, Deus Se
revelara diante de todo Israel por meio da Shechiná, a Presença Divina. E,
destarte, selara Sua aliança com o Seu povo.
Durante a
Revelação, Israel atingiu alturas espirituais inconcebíveis, tendo um contato
com a Presença Divina e ouvindo de Sua tonitruante Voz as Leis que norteariam
para sempre sua existência. Em que implicaria, para eles, o término dessa
Revelação e a saída do Monte Sinai rumo ao deserto? A Shechiná os abandonaria
ou continuaria constantemente entre eles?
Foi nesse momento que Deus, por amor a Seu povo, ordena-lhes a construção do Mishkán, o Tabernáculo, para ser o local onde, seguindo Sua determinação, pairaria a Shechiná. Segundo o sábio espanhol Don Yitzhak Abravanel, ao transmitir Sua Vontade, o Eterno visava assegurar a Israel que não abandonaria o mundo terreno. Indicava, pelo contrário, Sua permanência entre eles. Sua Providência estaria sempre por perto, apesar de envolta em um véu, oculta aos comuns mortais. O Mishkán seria para Israel um sinal de que sempre haveria uma via de comunicação com Deus, independente de quão distantes estivessem do local da Revelação, já que lá não havia santidade intrínseca. O que conferia santidade era a Presença Divina e a Sua Torá, Sua Palavra, que a partir da Revelação estaria para sempre com Israel. A importância do Tabernáculo pode ser constatada pelo fato de quase a totalidade da segunda parte do livro Êxodo ser dedicada à sua descrição e construção, assim como ao detalhamento de seus implementos. O Talmud, o Midrash, a Cabalá assim como comentários de nossos Sábios revelam simbolismos, fatos e minúcias sobre cada aspecto da construção. Cada detalhe, cada objeto e cada simbologia, são profundamente discutidos, analisados e esmiuçados a tal ponto que seria impossível, neste simples artigo, pretender cobrir as interpretações e conotações do assunto.
Segundo Nachmânides, grande sábio e místico espanhol do séc. XIII conhecido como Ramban, a edificação do Mishkán foi vital para nosso povo, pois, por seu intermédio, o propósito do Êxodo foi totalmente alcançado. Como explica Ramban, Deus instruíra os Filhos de Israel para construir o Tabernáculo para que a Shechiná sobre este pudesse pairar. Portanto, foi através do Tabernáculo que a elevação espiritual – que Israel atingira temporariamente durante a Revelação, no Sinai – tornou-se permanente.
O ponto focal do Mishkán era o Aron Hakodesh – a Arca Sagrada. Guardada no lugar de maior santidade do Tabernáculo, no Kodesh ha-Kodashim, a Arca iria abrigar os bens mais preciosos de Israel, símbolo da Aliança firmada no Sinai: as duas Tábuas da Lei, onde Deus inscrevera os Dez Mandamentos, os fragmentos das primeiras Tábuas estilhaçadas e o Sefer Torá original, que, ditado por Deus, fora transcrito por Moisés.
Por conter o testemunho da Palavra Divina, a Arca é o ponto de maior santidade de todo o Mishkán, o local onde se revelaria a Shechiná. Pois, seria de lá, afirma a Torá, “por sobre a Arca” que o Todo Poderoso se comunicaria com Moisés. Assim como no Monte Sinai o “Grandioso Encontro” fora único e poderoso, o “ininterrupto” encontro no Mishkán – mais precisamente, sobre a Arca – daria um prosseguimento àquele extraordinário acontecimento e ao relacionamento entre Deus e Seu povo.
Foi nesse momento que Deus, por amor a Seu povo, ordena-lhes a construção do Mishkán, o Tabernáculo, para ser o local onde, seguindo Sua determinação, pairaria a Shechiná. Segundo o sábio espanhol Don Yitzhak Abravanel, ao transmitir Sua Vontade, o Eterno visava assegurar a Israel que não abandonaria o mundo terreno. Indicava, pelo contrário, Sua permanência entre eles. Sua Providência estaria sempre por perto, apesar de envolta em um véu, oculta aos comuns mortais. O Mishkán seria para Israel um sinal de que sempre haveria uma via de comunicação com Deus, independente de quão distantes estivessem do local da Revelação, já que lá não havia santidade intrínseca. O que conferia santidade era a Presença Divina e a Sua Torá, Sua Palavra, que a partir da Revelação estaria para sempre com Israel. A importância do Tabernáculo pode ser constatada pelo fato de quase a totalidade da segunda parte do livro Êxodo ser dedicada à sua descrição e construção, assim como ao detalhamento de seus implementos. O Talmud, o Midrash, a Cabalá assim como comentários de nossos Sábios revelam simbolismos, fatos e minúcias sobre cada aspecto da construção. Cada detalhe, cada objeto e cada simbologia, são profundamente discutidos, analisados e esmiuçados a tal ponto que seria impossível, neste simples artigo, pretender cobrir as interpretações e conotações do assunto.
Segundo Nachmânides, grande sábio e místico espanhol do séc. XIII conhecido como Ramban, a edificação do Mishkán foi vital para nosso povo, pois, por seu intermédio, o propósito do Êxodo foi totalmente alcançado. Como explica Ramban, Deus instruíra os Filhos de Israel para construir o Tabernáculo para que a Shechiná sobre este pudesse pairar. Portanto, foi através do Tabernáculo que a elevação espiritual – que Israel atingira temporariamente durante a Revelação, no Sinai – tornou-se permanente.
O ponto focal do Mishkán era o Aron Hakodesh – a Arca Sagrada. Guardada no lugar de maior santidade do Tabernáculo, no Kodesh ha-Kodashim, a Arca iria abrigar os bens mais preciosos de Israel, símbolo da Aliança firmada no Sinai: as duas Tábuas da Lei, onde Deus inscrevera os Dez Mandamentos, os fragmentos das primeiras Tábuas estilhaçadas e o Sefer Torá original, que, ditado por Deus, fora transcrito por Moisés.
Por conter o testemunho da Palavra Divina, a Arca é o ponto de maior santidade de todo o Mishkán, o local onde se revelaria a Shechiná. Pois, seria de lá, afirma a Torá, “por sobre a Arca” que o Todo Poderoso se comunicaria com Moisés. Assim como no Monte Sinai o “Grandioso Encontro” fora único e poderoso, o “ininterrupto” encontro no Mishkán – mais precisamente, sobre a Arca – daria um prosseguimento àquele extraordinário acontecimento e ao relacionamento entre Deus e Seu povo.
O Mishkán
Como vimos
acima, o Mishkán e todos os seus implementos eram o símbolo e a indicação, para
o povo, de que a Presença Divina estava constantemente entre eles. Eram o
símbolo de sua consagração como “um reino de sacerdotes e um povo santo”. Em
outras palavras, o Mishkán tinha como principal objetivo o aperfeiçoamento
espiritual do ser humano. O Midrash nos alerta, porém, que tanto o Santuário do
Deserto como o Templo, mais tarde, eram apenas representações materiais do
“verdadeiro Santuário”, o lugar que Deus escolhera para “habitar” – e este é o
coração de todo judeu.
Segundo a
Cabalá, o Tabernáculo é o microcosmo do universo e, como tal, reflete as
verdades mais profundas sobre a vida e a Criação. Uma de suas finalidades era
ensinar ao homem que ele tem a responsabilidade de elevar e santificar a si
mesmo e a toda a Criação. Numa escala infinitamente mínima, dizem os textos
místicos, o Mishkán reflete a Fonte Universal da qual emanam as bênçãos sobre
toda a Criação.
O
Tabernáculo era também o ponto de convergência de toda a Nação, um centro espiritual
que os congregava, fazendo deles um grupo homogêneo e coeso. Localizado no
centro dos acampamentos das doze tribos, seria um local onde todo judeu poderia
purificar-se, elevar seu espírito e conseguir o perdão Divino. Estas funções
couberam, posteriormente, ao Templo Sagrado, em Jerusalém. Em termos
estruturais, o Mishkán era uma construção notável. Muito provavelmente foi a
primeira estrutura pré-fabricada, no mundo. Apesar de bastante grande – media
6,10m de altura por 7,30m de largura por 25m de comprimento – toda a sua
estrutura podia ser desmontada e transportada de um local para outro. Assim
sendo, pôde acompanhar os israelitas enquanto vagavam pelo deserto. Mesmo após
terem entrado na Terra de Israel, vez por outra foi necessário transportá-lo
para novas paragens. De acordo com a tradição bíblica, ficou em Guilgal durante
14 anos, em Shiló durante 369 anos e, por último, em Nov e Guivon, durante um
total de 57 anos. Foi o rei David quem, após conquistar Jerusalém e expandir
seu reinado, finalmente trouxe a Arca para Jerusalém. Sabia ser a cidade
escolhida pelo Eterno para que lá fosse edificado um Templo permanente, em
substituição ao Tabernáculo móvel e provisório que nos acompanhara em nossa
epopéia pelo deserto.
Apesar de
sua aparência externa modesta, quase austera, o interior do Mishkán era
esplêndido, repleto de ornamentos em ouro, prata, pedras preciosas, materiais
suntuosos e os mais adocicados perfumes. Treze diferentes matérias primas foram
usadas para a sua construção e de seus implementos, bem como das vestes dos
sacerdotes. E todo o povo de Israel participou, com suas oferendas, desta obra
magistral.
Apesar dos
esforços e do entusiasmo, inúmeras foram as complicações surgidas em relação à
sua planta e execução. O profundo simbolismo imbuído em cada um de seus objetos
implicava em um cuidado todo especial na execução do menor detalhe que fosse.
Segundo o Midrash, enquanto estava no Monte Sinai, Deus mostrou a Moisés, feito
em fogo, o modelo exato do Santuário e de seus implementos. Mas, tamanha era a
complexidade que, em certas ocasiões, Deus teve que mostrar certos objetos,
mesmo ao maior de nossos profetas, quatro vezes.
Para
executar a complexa tarefa, Deus escolhera Betsalel, da tribo de Judá; e, para
ajudá-lo, indicara Aholiav, da tribo de Dan. Estes, assim como todos os que
ajudaram, foram imbuídos por Deus de profunda sabedoria para o desempenho de
suas tarefas. A Moisés caberia a responsabilidade de integrar as partes em um
todo, já que somente a ele Deus mostrara a planta, em sua totalidade.
O Aron
Hakodesh – a Arca sagrada
A primeira
instrução que Deus deu a Moisés em relação ao Tabernáculo foi confeccionar um
repositório para abrigar “o Testemunho que Eu Te darei”. Se analisarmos de uma
forma lógica, a Arca não deveria ser construída até ter uma estrutura que a
abrigasse. E, de fato, foi isto o que finalmente aconteceu. Somente após a
estrutura estar pronta Betsalel confeccionou a Arca, o único implemento que,
sob supervisão pessoal de Moisés, ele fez com suas próprias mãos, pois aí
pousaria a Shechiná.
Mas, foi a
primeira ordem Divina, pois a Torá, testemunho eterno do relacionamento
especial entre Deus e Seu povo, é infinitamente mais importante que a estrutura
que iria abrigá-la. É por conter o testemunho da Palavra Divina que o Aron é o
ponto de maior santidade de todo o Mishkán.
No
capítulo 25 do Êxodo, a Torá provê os detalhes referentes à confecção da Arca.
Relata o texto bíblico que Deus ordenara que todo Israel participasse da
construção, nem que fosse com alguma contribuição simbólica ou apenas em
pensamento – uma exceção no que diz respeito aos mandamentos acerca da
construção dos outros objetos sagrados. Os Sábios explicam que com isto cada um
dos membros de nosso povo teria a sua parte, o seu quinhão de participação na Torá.
Sua estrutura
A Arca era
uma caixa retangular medindo 2,5 cúbitos de comprimento e 1,5 cúbito de largura
e altura. Feita de madeira de acácia, uma espécie de cedro – em hebraico,
shitim, era aberta por cima e devia ser revestida, por dentro e por fora, de
uma camada do mais puro ouro. Rashi, o maior comentarista da Torá, explica que
para confeccioná-la conforme as especificações Divinas, Betsalel fez três
caixas. A primeira, de madeira de acácia. Uma segunda, maior, de ouro
puríssimo, dentro da qual era colocada a caixa de madeira. Por último, uma
terceira, menor, que foi colocada dentro da caixa de acácia. Desta forma, o
receptáculo principal era coberto de ouro em seu interior e exterior. Para
confeccioná-la, foram utilizados o mais puro ouro e madeira porque, explicam
nossos sábios, a Torá é como o ouro em seu valor e pureza, mas é também chamada
de Árvore da Vida.
O ouro é
primeiro na lista dos materiais a serem utilizados na construção do
Tabernáculo. O Midrash observa que este metal é particularmente adequado para o
Santuário, pois o objetivo deste era o “refinamento” espiritual do ser humano.
Assim, como se refina o ouro bruto de suas impurezas, de modo semelhante
deveria o judeu tentar apurar-se cada vez mais, espiritual e moralmente. Além
do que, o ouro puríssimo do Aron serviria como símbolo de que o homem deve
tentar alcançar a pureza não somente em suas ações e pensamentos, como também
nos instrumentos que utiliza para a sua realização.
Na parte
superior da Arca devia haver uma borda de ouro, como que a coroá-la (Yomá,
72b). Segundo o Midrash, o Aron simboliza a Torá e, a borda, a “Coroa da Torá”.
Deus conferiu ao povo de Israel três coroas: a da Torá, a da Kehuná (o
sacerdócio) e a da monarquia. Acim
A Tampa e os Querubins
Uma tampa,
kaporet em hebraico, do mesmo comprimento e largura do Aron Hakodesh e de ouro
puríssimo devia cobrir a Arca para a fechar. O Midrash explica o nome kaporet.
O termo deriva da palavra kapará, que significa expiação. É uma indicação de
que o ouro usado em sua confecção serviria para expiar a grave transgressão que
Israel cometera ao fazer o “Bezerro de ouro”.
Sobre esta
tampa, em suas extremidades, havia “dois querubins de ouro batido”. Como Deus
ordenara a Moisés que tanto os querubins como a tampa deviam ser feitos da
mesma peça de ouro, Betsalel os havia moldado cinzelando as extremidades da
tampa. No Talmud há uma descrição da aparência da Arca e dos dois querubins e
inúmeras são as discussões sobre cada detalhe. Apesar das diferentes
interpretações, diz a tradição que os querubins são representados como anjos
com asas, como pássaros, e com rosto de criança, um de sexo masculino e outro,
feminino. As asas dessas criaturas celestiais, estendendo-se para cima da
tampa, formavam um arco protetor e sua face estava voltada uma à outra,
inclinando-se para baixo, em direção à tampa.
É preciso
que se faça uma ressalva importante. Apesar de Deus ter proibido a construção
de imagens, esses querubins eram uma exceção, pois Ele Mesmo ordenara, de forma
explícita, que fossem colocados sobre a Arca. E, no judaísmo, o que pode ou não
ser feito depende exclusivamente da Vontade Divina. Mas, para evitar qualquer
dúvida sobre a proibição absoluta de se adorar imagens e mostrar a Israel que
os querubins não eram destinados à adoração, mas indicavam um lugar onde se
concentrava a força espiritual, eles não ficavam de frente para o povo, mas um
olhando para o outro. Além do mais, o fato de estarem colocados sobre a Arca –
que abrigava as duas Tábuas da Lei e o rolo original da Torá — era uma clara
indicação da Fonte Única e Verdadeira de todo o Poder Espiritual.
Era “entre
os querubins” que o Eterno comunicava-se com Seu profeta. A Torá relata as
palavras do Todo Poderoso a Moisés: “E no tempo marcado, Eu estarei lá, falarei
contigo desde a tampa da Arca, entre os dois querubins que estão sobre a Arca
do Testemunho” (Êxodo, 25:22). Por isso, o espaço entre estas duas formas era
visto por sábios e profetas como o foco principal da força espiritual e de toda
inspiração profética, uma abertura para a dimensão espiritual, o próprio
caminho à ascensão espiritual.
A
simbologia que envolve os querubins é vasta e profunda. Em diversas ocasiões a
Torá menciona essas criaturas celestiais: Deus os coloca para proteger o
caminho da Árvore da Vida após a expulsão de Adão e Eva do Jardim do Éden; na
visão do profeta Ezequiel, são os portadores do Trono de Glória Divina, e
aparecem em várias outras visões proféticas. Representam entre outros o
dualismo inerente a toda a Criação – as duas Tábuas da Lei, mantidas no Aron
Hakodesh, eram um lembrete desta mesma verdade. Além disso, representam os
princípios masculino e feminino que permeiam todo o Universo. Segundo Rashi, as
faces infantis simbolizavam a pureza da inocência e do amor de Deus por Israel.
Não podemos esquecer que foram as crianças de Israel que haviam sido eleitas no
Monte Sinai como “os fiéis guardadores da Torá”. O fato dos querubins terem a
forma de um ser humano alado era uma alusão à capacidade do homem de
transcender os laços terrenos. E, as asas abertas em direção aos céus
representavam a vontade que motiva todas as criaturas a voar para cima “em
direção a esferas espirituais mais elevadas”. Pois, mesmo estando o homem
ligado à materialidade pelo seu corpo mortal, pode voar com as asas de sua alma
e se elevar espiritualmente.
Os
querubins, de acordo com os textos místicos, refletiam a relação entre Deus e
Israel. Explica o Zohar que assim como o homem – pó da terra – criara vida pelo
Sopro Divino, também os querubins podiam criar vida, especialmente por estarem
em permanente contato com a Presença Divina. Pode-se dizer que eram um
barômetro extremamente sensível que “media” a unidade e a harmonia existente
entre Deus e o homem. Quando Israel realizava a Vontade Divina, e aumentava o
amor entre Ele e Seu Povo, os querubins ficavam frente a frente e suas asas se
tocavam. Mas, quando Israel transgredia A Grande Vontade, os querubins viravam
as costas e se afastavam um do outro (Bava Barsa, 99 a). Relata o Midrash que
nos dias festivos – os Yamim Tovim – quando os judeus iam até o Santuário e
mais tarde até o Grande Templo, as cortinas da Arca eram suspensas e todo
Israel podia ver os querubins entrelaçados e perceber o grande Amor que Deus
tinha por Seu povo. Relata o Talmud que quando os romanos estavam prestes a
destruir o Segundo Templo, os querubins entalhados em madeira que adornavam
suas paredes, ao pressentir a desgraça que se abateria sobre Israel,
abraçaram-se e choraram, copiosamente. Isto indicava que naquela hora amarga em
que os Filhos de Israel iniciavam seu longo e penoso exílio, na hora de seu
mais profundo desespero, o Eterno ainda estava ao lado de Seu povo, Seu amor
por nós era forte e inamovível – e, portanto, abraçaram-se os querubins (Chazon
L’Moed).
A mobilidade da Torá
Assim como
o Mishkán, a Arca era portátil e, por essa razão, tinha quatro anéis de ouro
maciço, dois de cada lado, fixados nas paredes laterais de suas quatro
superfícies. Duas varas de madeira de acácia, folheada a ouro, traspassavam
esses anéis para permitir que se carregasse a Arca. E, uma vez colocadas, não
podiam ser mais removidas. Aliás, todos os objetos do Tabernáculo tinham varas
com essa mesma função de transporte dos objetos sagrados, mas esta proibição não
existe para outros objetos. Por quê? Porque, respondem nossos Sábios, a Arca
devia estar sempre pronta para ser transportada de um local para outro.
Para o
Rabi Shimshon R. Hirsh, a característica de mobilidade da Arca Sagrada é
símbolo da intrínseca mobilidade da Torá. Nossa Lei não está amarrada a um
determinado local, nem vinculada a um determinado momento no tempo, mas
acompanha nosso povo por toda sua história e em todos seus exílios. Onde forem
os judeus, com eles vai a sua Torá. Isto não se aplica aos demais implementos
do Tabernáculo e, consequentemente, do Grande Templo de Jerusalém. A Arca ficou
com Israel até o final do período do Primeiro Templo, desaparecendo em seguida.
Mas, segundo a tradição, ainda se encontra em Jerusalém. O rei Salomão, ao
construir o Templo, mandou cavar um túnel secreto e profundo por baixo do Monte
do Templo para, em caso de perigo, lá esconder os implementos sagrados. Pouco
antes da destruição do Primeiro Templo pelos babilônios, o rei Josias teve uma
visão da catástrofe que estava para se abater sobre Israel; e, para garantir a
segurança da Arca, tê-la-ia escondido justamente nesse local secreto, sob o
Monte do Templo, longe dos olhos inimigos.
Fraterno Abraço
RuyR@mires.'.
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