segunda-feira, 8 de setembro de 2014

QUEM FOI, NA VERDADE, O REVERENDO E MAÇOM JAMES ANDERSON?


 


Nada predispunha o Reverendo James Anderson (1679-1739) a se tornar o mais famoso entre os maçons modernos; especialmente não a publicação em 1732 de sua obra-prima: Genealogias reais, ou Tabelas genealógicas de imperadores, reis e príncipes, desde Adão até os dias atuais. Mas  o  acaso quis que ele fosse um dia escrever as “Constituições” de uma associação que, no entanto, tinha muito poucos membros.

Nascido em Aberdeen de um pai vidraceiro (e Maçom aceito na loja operativa local) James Anderson fez os estudos necessária para a ordenação na Igreja da Escócia; mas foi em uma velha paróquia huguenote, em Londres, que ele se tornou, na década de 1710, um pastor presbiteriano. Não está claro até hoje, se em 1717 ele foi um dos maçons aceitos que contribuíram para a formação da Grande Loja de Londres; temos, por vezes, sugerido que ele poderia ter sido iniciado na Escócia, antes de se mudar para Londres.

O caminho para a fama, no entanto, abriu-se para ele em setembro de 1721, quando, durante uma assembleia geral realizada na presença de oficiais e membros de dezesseis lojas “erros foram revelados nas antigas Constituições Góticas”, ele foi convidado a “realizar as correções necessárias em uma nova e melhor apresentação”. Três meses depois, quatorze irmãos “educados” foram nomeados para examinar o manuscrito do irmão Anderson.

Em 25 de marco de 1722, durante uma nova sessão da Grande Loja, a História, os Deveres, os Regulamentos e os Cantos de Mestre foram aprovados com algumas alterações  “ao que a [Grande] Loja pediu ao Grão-Mestre que mandasse imprimir”.

Assim, em 17 de janeiro de 1723, na taverna King’s Arms, dois eventos memoráveis aconteceram: a adesão de Philip, primeiro duque de Wharton ao grão-mestrado de Londres e a apresentação do novo Livro das Constituições.

Nesse dia especial, “A Maçonaria conhecendo a harmonia, a fama e o nome, muitos nobres e cavalheiros de alta linhagem pediram para serem admitidos na Fraternidade, assim como outros homens esclarecidos, comerciantes, membros do clero e trabalhadores, que encontraram na Loja um lugar de relaxamento agradável, longe do estudo, dos negócios e da política”. Anderson disse na segunda edição de sua obra, publicada em 1739, ou seja, no mesmo ano em que ocorreu sua morte.

Note-se que neste mesmo 17 de janeiro de 1723, James Anderson, que havia anteriormente ocupado as funções de Mestre de Loja foi nomeado para o ano em curso Grande Vigilante da Grande Loja de Londres.

Muitas vezes, nos é perguntado por que motivo ele tinha sido convidado, e não outro Irmão, a elaborar as novas Constituições da Ordem. David Stevenson, autor de um estudo sobre o homem, apresenta a ideia de que a escolha teria resultado de uma viagem de John Desaguliers, um membro influente da maçonaria londrina a Edimburgo e sua descoberta da maçonaria operativa escocesa.

Anderson sendo de ascendência escocesa e nascido de pai maçom (além disso, antigo Secretário e Mestre de Loja) teria sido considerado mais qualificado do que qualquer outro para ser promovido a historiador e legislador.

A vida maçônica de James Anderson, no entanto, permanece obscura até hoje. Ignora-se quais atividades específicas ele pode implantar, quais lojas ele pode frequentar; registra-se que pertencia em 1723 à Loja do Chifre, e em 1735 da Loja francesa, e sua presença em algumas assembleias de Grande Loja, mas isso é tudo…

De sua vida secular, conhecemos pouco fatos precisos. Anderson se casou com uma viúva rica de Londres, que lhe deu um filho e uma filha, mas viveu pobremente  devido ao maus negócios ocorridos na década de 1720. Ele fez, como  pastor, alguns sermões que lhe valeram duras críticas, e foi obrigado a mudar de paróquia em 1734, depois de desentendimentos com alguns paroquianos. Em 1731, ele recebeu também do Colégio Marischal de Aberdeen um diploma de doutor em teologia.

No ano seguinte, Anderson, cujas primeiras Constituições tinham sido esgotadas, propôs à Grande Loja de Londres, voltando da Inglaterra, uma nova edição, revista e ampliada. Se a primeira consistia de apenas 91 páginas, a segunda teve em sua publicação cerca de  231 – incluindo o nome do autor, acompanhado pelas iniciais  D. D. para esclarecer suas credenciais acadêmicas…

Enquanto isso, Anderson tinha dedicado seus talentos literários à elaboração de sua obra sobre as genealogias reais, bem como uma Unidade na Trindade (1733), uma Defesa da Maçonaria (1738) – da qual nada há a dizer – Notícias do Eliseu (1739) e uma História da Casa de Yvery (1742).

James Anderson morreu no final de maio 1739. De acordo com o jormal The Daily Post, datada de 02 de junho:

Ontem à noite, foi enterrado em uma cova anormalmente profunda, o corpo do Dr. Anderson, pastor não conformista. [...] Ele foi seguido por uma dúzia de maçons que cercaram a sepultura. [...] Os irmãos, exibindo grande tristeza, levantaram as mãos, sinalizaram e golpearam três vezes os seus aventais em honra do falecido.

Assim viveu e morreu o autor do Livro das Constituições, o verdadeiro documento de fundação da Maçonaria especulativa moderna.

Para mais informações, consulte: James Anderson – Man and Mason (David Stevenson, Heredom, 2002).


Com o abraço que nos irmana e identifica

 

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