Se indagarmos os Irmãos
Aprendizes, quanto a existência das três Janelas e a localização das
mesmas no interior do Templo Maçônico, muitos julgarão estarem sendo
ludibriados. Mas, elas estão bem ali, representadas no "Quadro de Aprendiz" também denominado "Painel do Aprendiz".
A
primeira localiza-se no Oriente, a segunda ao Meio-Dia e a terceira no
Ocidente! Prestem atenção, nenhuma Janela se abre para o NORTE.
Essas três Janelas são cobertas por uma rede de arame.
"Elas
representam, diz Plantageneta, as três portas do Templo de Salomão, e
essa evocação, como já mencionado acima, se considerarmos isoladamente a
Oficina Maçônica, poderia parecer, no mínimo, paradoxal. Mas não é nada
disso.
A
rede que protege essas aberturas lembra que o trabalho dos operários é
subtraído à curiosidade do Profano (civil), cujo olhar não consegue
penetrar no Templo; mas sublinha que, se o olhar do Maçom não for detido
pelo mesmo obstáculo, suas perspectivas são essencialmente diferentes.
Com efeito, ele não pode olhar materialmente a vã agitação da rua, pois
ao seu redor tudo está fechado, mas nem por isso, espiritualmente, ele
deve determinar o movimento do mundo sensível encarado do Pinto de vista
em que ele se encontra".
"A Loja de Aprendiz não recebe nenhuma luz do exterior", escreve Wirth, que acrescenta:
"Ela
lembra, por esse detalhe, as criptas subterrâneas cavadas no flanco das
montanhas, os hipogeus do Egito ou da Índia, o antro de Trofônio, etc. A
Loja do Companheiro, em contrapartida, está em comunicação com o mundo
exterior graças às três janelas..."
Ora,
pelo que pudemos constatar, os antigos rituais maçônicos fazem menção
de três janelas no grau de Aprendiz. Oswaldo Wirth suprimiu-as um tanto
levianamente, para poder adaptar sua explicação à sua concepção.
Quanto a Plantageneta, ele fala das três portas do
Templo de Salomão. Ora, na Bíblia se diz (I Livro dos Reis, VI, 4): "O
rei fez na casa (no Templo) janelas com grades fixas". Ignora-se tudo a
respeito do número dessas janelas e de sua disposição. Sabe-se, apenas,
com certeza, que o Templo se abria de leste para oeste, como na maioria
de nossas igrejas catedrais; desse modo, o Templo era iluminado pelo Sol
ao nascer. A orientação geral era a mesma que a das igrejas, isto é, a
construção estava orientada, em seu comprimento, no sentido Leste-Oeste,
mas o Sol é que ia ao encontro do Santo dos Santos.
Os
Maçons construtores sempre orientaram os Templo com a entrada para o
Ocidente e de modo que as três janelas do "Quadro" sigam a marcha do
Sol. Não existe janela ao Norte, porque o Sol não passa por aí.
As
janelas são protegidas por redes não para impedir que os profanos olhem
para o interior do Templo — pois se o Templo, fosse iluminado
interiormente, uma simples rede de metal não seria suficiente para
impedir que se visse o que acontecia dentro deles — mas simplesmente
para impedir o acesso ao Templo.
O
Templo fica isolado do mundo profano e o Maçom não deve sofrer nenhuma
tentação para se tornar espectador do mesmo. Pelo contrário, é preciso
que, ao sair do Templo, depois de ali ter haurido novas forças, o Maçom
volte a ser um agente no meio à multidão anônima e aí distribua a
Sabedoria, a Força e a Benignidade que adquiriu no Templo.
A
janela do Oriente traz a doçura da aurora, sua renovação de atividade; a
do Meio-Dia, a força e o calor; a do Ocidente dá uma luz que, à medida
que se torna mais fraca, convida ao repouso. O Norte, escuro, como não
recebe nenhuma luz, não precisa de janela.
Os
trabalhos dos Maçons começam, simbolicamente, ao Meio-Dia e terminam à
Meia-Noite. Começam ao Meio-Dia, quando o Sol brilha com toda a sua
força no Templo.
Os Aprendizes são colocados ao Norte porque têm necessidade de serem esclarecidos;
eles recebem assim toda a luz da janela do Meio-Dia. Os Companheiros,
colocados ao Meio-Dia, precisam de menos luz, e a sombra provocada pela
parede do Templo ilumina-os suficientemente. Na mesma ordem de idéias,
notar-se-á que o Venerável e seus assessores recebem de frente apenas a
luz do crepúsculo. Em contrapartida, os Vigilantes são alertados desde a
aurora pela luz que os atinge em cheio.
Os
catecismos maçônicos dizem comumente que os Companheiros se colocam ao
Meio-Dia porque são suficientemente avançados para suportar o brilho da
luz; por outro lado, eles dizem que o Iniciado do segundo grau é
convidado a se tornar ele próprio uma chama ardente, fonte de calor e de
luz. Todos hão de convir, sem esforço, que existe aí um pleonasmo e que
"fontes de luz" não têm necessidade alguma que se acrescente a seu
brilho o brilho do dia.
Fonte: JULES BOUCHER, A Simbólica Maçônica — Ed. Pensamento, págs. 171-173
Fraterno Abraço
RuyR@mires.'.
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