A
mais bela das colunas é a Coluna do Aprendiz, em torno dela encontramos
uma bela lenda segundo os escritos efetuados pelo Dr. Forbes, bispo de
Caithness em 1774. Diz à lenda que um mestre pedreiro (The Máster Mason)
recebeu a tarefa do fundador de esculpir uma pilastra, única e
maravilhosa, mas suas habilidades não eram suficientes para tal
empreitada. Por isso foi a Roma para aprender a técnica correta para
concluir seu trabalho. Na sua ausência, um Aprendiz, depois de sonhar
que havia concluído o pilar, imediatamente iniciou o trabalho e seguiu o
modelo como está hoje, uma perfeita maravilha de trabalho artesanal. Ao
voltar, o mestre viu que seu aprendiz havia esculpido a pilastra com
maestria. O mestre pedreiro, com inveja e cego de ódio, matou o aprendiz
com um golpe na cabeça com o seu malhete. O mestre pedreiro teve de
pagar pelo seu crime. O Aprendiz ficou imortalizado com sua cabeça
esculpida no interior da capela. Ao seu lado esquerdo está a escultura
da cabeça de sua mãe. Em nenhum outro ponto se encontra referência ao
pai do Aprendiz. Alguns acreditam que o Aprendiz era filho de uma viúva.
A
pequena vila de Roslin localiza-se a aproximadamente quinze quilômetros
ao sul de Edimburgo através da estrada para Penicuik. Ela é famosa por
três razões: uma fazenda estatal experimental que tem produzido pares de
ovelhas geneticamente clonados; as ruínas de um castelo que foi
destruído pelo Exército dos Roundheads quando a Guerra Civil Inglesa
espalhou-se até a Escócia; e uma não muito usual capela medieval. A
Capela de Rosslyn foi iniciada em 1440 e tem demonstrado ser o mais
antigo monumento que possui claras conexões com a Maçonaria moderna, os
Cavaleiros Templários e a Jerusalém do primeiro século.
Para
compreender Rosslyn nós temos que compreender os Cavaleiros Templários
que eram, sem dúvida, a mais famosa ordem de guerreiros cristãos surgida
no período medieval ou em qualquer outro. Estes monges guerreiros
possuíam uma improvável concepção, uma existência controversa e um
legado espetacular; todas essas características asseguraram que eles
encontrassem seu lugar dentro de mais de uma lenda. Fatos
extraordinários a respeito das façanhas dos Templários têm produzido
todo tipo de românticos e de charlatões séculos a fora e, devido a isto,
diversos estudiosos conceituados tornam-se imediatamente cépticos a
qualquer teoria que mencione pelo nome.
Do
mesmo modo que é completamente verdadeiro que muito de absurdo tem sido
escrito a respeito dos Templários, seria absurdo admitir que eles eram
apenas uma ordem comum que apenas surgiu para captar a imaginação de um
número sem fim de tipos esotéricos. No mínimo, os Templários seriam
qualquer coisa, menos comuns.
De
acordo com avaliações aceitas, esta bem sucedida e enorme ordem surgiu
quase que por acidente em 1118, logo após a morte do primeiro rei
cristão de Jerusalém, Balduíno I, e a sucessão por seu primo, Balduíno
lI. Costuma-se dizer que este novo rei foi procurado por nove Cavaleiros
franceses que aparentemente informou-o que eles desejavam ser
voluntários como uma audaciosa força de defesa para proteger os
peregrinos dos bandidos e assassinos que havia nas estradas da Terra
Santa. A história registra que o recém empossado rei imediatamente
alojou-os no sítio do Templo de Salomão e pagou o seu sustento por nove
anos completos. Em 1128, apesar do fato do grupo nunca ter se afastado
do Monte do Templo, eles foram elevados à categoria de Ordem Santa pelo
Papa por seus valorosos serviços na proteção dos peregrinos por toda uma
década. Foi neste ponto preciso, que eles formalmente adotaram o nome
de Ordem dos Pobres Soldados de Cristo e do Templo de Salomão, ou
simplesmente, 'os Cavaleiros Templários'. Este minúsculo grupo de homens
medievais foi repentinamente posicionado como o exército de defesa
oficial da Igreja Romana na Terra Santa. As hostes sarracenas devem ter
se divertido muito com isto!
As
coisas mudaram rapidamente. Dentro de poucos anos, o bando de
maltrapilhos que havia acampado nas ruínas do Templo dos judeus,
miraculosamente transformou-se em uma esplendorosa, fabulosa e saudável
Ordem que se tornaria os banqueiros dos reis da Europa.
Nós
realmente acreditamos que os registros dos livros de História sobre o
surgimento dos Cavaleiros Templários eram muito simplórios e, deste
modo, precisávamos descobrir o que realmente ocorreu na segunda década
após a Primeira Cruzada.
Em
nosso último livro, chegamos à conclusão de que os Templários não
haviam protegido nenhum peregrino, pois eles gastaram todo o seu tempo
escavando embaixo do Templo arruinado, a procura de algo, possivelmente o
tesouro de Salomão. De fato, outros chegaram a conclusões similares
antes de nós:
A
verdadeira tarefa dos nove Cavaleiros era empreender buscas na área, de
modo a obter certas relíquias e manuscritos que contivessem a essência
da tradição secreta do Judaísmo e do antigo Egito, alguns dos quais
provavelmente remontassem à época de Moisés.
*
O Exército dos Roundheads era a força militar dos partidários puritanos
de Sir Oliver Cromwell, lorde protetor da Grã Bretanha e Irlanda,
quando da Revolução que depôs a casa real dos Stuart do trono inglês, em
1649. Cromwell instituiu uma república, baseada nos conceitos
reformadores da Igreja Puritana da Inglaterra, permanecendo no governo
da Grã Bretanha até o ano de 1658. (N. T.)
Em
1894, quase oitocentos anos após os Templários terem iniciado a
escavação sob as ruínas do Templo de Jerusalém, seus túneis secretos
foram novamente sondados, nesta época por um contingente do exército
britânico liderado pelo tenente Charles Wilson, membro dos Engenheiros
Reais. Eles nada descobriram dos tesouros escondidos pela Igreja de
Jerusalém, mas nos túneis cavados séculos antes, eles encontraram parte
de uma espada templária, uma espora, restos de uma lança e uma pequena
cruz templária, Todos esses artefatos estão agora em poder de Robert
Brydon, um arquivista templário na Escócia, cujo avô fora amigo de um
certo Capitão Parker que tomou parte nesta e em outras expedições que
escavaram abaixo do sítio do Templo de Herodes. Em uma correspondência
escrita ao avô de Robert Brydon em 1912, Parker relata a descoberta de
uma câmara secreta abaixo do Monte do Templo com uma passagem que ligava
à Mesquita de Omar. Ao surgirem dentro da mesquita, o oficial do
exército britânico teve que fugir dos irados sacerdotes e fiéis para não
morrer.
Não
há dúvida de que os Templários de fato realizaram escavações maiores em
Jerusalém e a única questão que nós precisávamos considerar era: o que
os levou a empreenderem tal enorme projeto e o que precisamente eles
descobriram? Quando estávamos escrevendo nosso último livro, embora
estivéssemos certos em saber o que eles tinham descoberto, nós apenas
podíamos especular que a motivação para toda esta aventura deveria ter
sido uma caça ao tesouro oportunista.
Nós
novamente consideramos o mútuo juramento de aliança que os nove
Cavaleiros estabeleceram no início de sua escavação, dez anos antes que
eles se estabelecessem como a Ordem dos Cavaleiros Templários. Diversos
livros sobre os Templários usualmente estabelecem que o compromisso era
uma promessa de 'castidade, obediência e pobreza' - que soa mais como um
voto para monges do que para um pequeno grupo independente de
Cavaleiros. Entretanto, quando o juramento é analisado em sua origem
latina, este é traduzido por 'castidade, obediência e manutenção de toda
propriedade em comum'.
Existe
uma clara diferença entre jurar nada possuir e jurar compartilhar toda a
prosperidade em comum - e prosperidade é o que eles obtiveram em
pouquíssimo tempo!
Nós,
entretanto, permanecemos intrigados pela natureza muito religiosa deste
mútuo juramento. Outros observadores têm comentado sobre isto, pois
sabem com certeza que os Templários, de fato, se tornaram uma ordem de
monges guerreiros, mas como estes nove Cavaleiros saberiam o que
ocorreria dez anos mais tarde? Muitas questões precisavam ser
respondidas:
1. Por que eles precisavam abraçar a 'castidade' em uma época em que os padres católicos romanos não o faziam?
2.
Por que um pequeno grupo de homens completamente independente precisou
realizar um juramento de obediência e a quem eles estavam planejando
serem obedientes?
3.
Se eles eram meros caçadores de tesouros, por que eles pretenderiam
compartilhar toda a propriedade em comum quando o método usual seria o
de dividir o espólio?
Para
responder apropriadamente a estas questões, nós precisaríamos conhecer
um pouco mais a respeito das circunstâncias deste pequeno grupo de
cavaleiros que se reunira em Jerusalém em 1118. Nós certamente sentimos
que algo estava errado aqui e nosso principal temor era que a verdade
pudesse ter se perdido ao longo dos séculos e que nós nunca
esclareceríamos as motivações destes homens.
Nós
sentíamos que a conclusão razoável a respeito da segunda questão sobre a
necessidade de 'obediência' fortemente sugeria que outras pessoas
deveriam estar envolvidas e que deveria haver um plano mais elaborado do
que uma simples caça ao tesouro. Os três votos quando colocados juntos
serviam mais aos padres do que aos Cavaleiros. Nós relembramos
rapidamente do estilo de vida dos homens da comunidade dos Essênios
descritos nos Manuscritos do Mar Morto: uma existência ascética que
igualmente aplicava-se aos líderes da Igreja original de Jerusalém que
originalmente havia enterrado os manuscritos e os tesouros que os
Templários descobriram.
A
partir de nossas pesquisas prévias, nós acreditamos que os manuscritos
removidos pelos Templários agora residem abaixo da Capela de Rosslyn na
Escócia.
Um Santuário Templário
A
Capela de Rosslyn está protegida por uma pequena estrada lateral
passando por entre duas excelentes estalagens que somente pode ser
notada por aqueles que se aventuram pela vila de Roslin. É difícil ver
muito da edificação à primeira vista, uma vez que ela está obstruída por
árvores e altos muros ao longo do lado norte, mas que estranhamente
proporciona uma rápida visão da parede ocidental com suas duas bases de
colunas no ponto mais alto.
A
entrada é realizada através de uma pequena cabana, onde lembranças
podem ser compradas e onde é servido chá com biscoitos. Assim que se
cruza a porta dos fundos da cabana, o esplendor desta curiosa e única
capelinha é imediatamente óbvio e leva-se nada menos que alguns minutos
para se perceber que esta é nada menos que um texto medieval escrito em
pedra.
A
proeza artística de William St Clair não é semelhante a nada que nós já
tenhamos visto anteriormente e nunca havíamos nos encantado tanto com a
aura gerada no interior e exterior celestialmente esculpidos. Como uma
obra arquitetônica, ela não é particularmente graciosa, nem as suas
dimensões físicas impressionam, mas mesmo assim instintivamente sente-se
que este é um lugar muito especial.
Nós
nada encontramos de cristão nesta assim chamada 'capela', uma
observação que tem sido realizada por muitos observadores conhecidos por
nós, desde então. Há uma estátua de Maria com um menino Jesus, um
batistério com fonte, alguns vitrais com alegorias cristãs, mas tudo
isto são intrusões vitorianas ocorridas quando a capela foi consagrada
pela primeira vez. Estes atos de 'vandalismo' foram muito
significativos, mas mal concebidos, uma vez que eles não puderam retirar
a magnificência anterior da celestial edificação originariamente
esculpida.
Esta
construção cuidadosamente planejada não foi somente construída sem um
batistério, ela não possuía nenhum espaço para um altar em seu lado
oriental e uma mesa de madeira hoje em dia serve para esse propósito no
centro de um simples salão. A História registra que não foi consagrada
até que a Rainha Victoria a visitasse e sugerisse que a mesma fosse
transformada em uma igreja.
Construída
entre os anos de 1440 e 1490, a estrutura é coberta por uma combinação
de motivos celtas e templários que são instantaneamente reconhecidos
pelos modernos Maçons. Preparados com um detalhado senso das antigas
origens da Maçonaria, nós começamos a perceber que existem pistas
precisas e secretas impressas na construção da edificação que
estabelecem uma ligação sem qualquer dúvida entre o Templo de Herodes e
esta maravilha medieval.
Há
apenas dois salões: um salão principal e uma cripta que é acessada via
uma escadaria no lado oriental. O salão possui quatorze pilares, doze
dos quais são iguais, mas os localizados no sudeste e no nordeste são
únicos, ambos esplendorosamente esculpidos com diferentes desenhos.
Freqüentemente tem sido dito que estes pilares representam aqueles que
existiam no átrio interior do Templo de Jerusalém chamados de Boaz e
Jachin, que são hoje em dia muito importantes para os Maçons.
Um
exame mais atento revela-nos que a parede ocidental e a totalidade do
piso foram projetados como uma cópia das ruínas do Templo de Salomão e a
superestrutura acima do pavimento térreo e além da parede ocidental era
uma interpretação da visão sobre a Jerusalém Celeste feita pelo profeta
Ezequiel.
Os
pilares principais - Boaz e Jachin - são posicionados precisamente do
mesmo modo que aqueles existentes em Jerusalém. Nós sabíamos que o
ritual do grau maçônico conhecido como Santo Real Arco descreve a
escavação das ruínas do Templo de Salomão e claramente estabelece que
deveriam haver dois esplendorosos pilares no lado oriental e mais doze
de concepção idêntica exatamente como encontramos em Rosslyn.
Nós,
então percebemos, que o layout dos pilares formava um perfeito tríplice
Tau (três formas de 'T' unidos), exatamente como o descrito no ritual
maçônico. Além do mais, de acordo com o grau do Santo Real Arco, também
deveria haver um 'Selo de Salomão' (idêntico à Estrela de David) fixado
ao tríplice Tau e uma inspeção mais acurada revelou que toda a geometria
da edificação era de fato construída em torno desse desenho.
Quando
construiu Rosslyn, William St Clair inseriu estas pistas e colocou o
significado da decodificação deles dentro dos então rituais secretos do
grau do Santo Real Arco. Através do ritual maçônico, ele explicou anos
mais tarde o que ele estava tentando dizer:
O
tríplice Tau significa, entre outros significados ocultos, Templum
Hierosolyma - o Templo de Jerusalém. Ele também significa Clavis ad
Thesaurum - uma chave para um tesouro - e Theca ubi res pretiosa
deponitur - Um lugar onde algo precioso está oculto - ou Res ipsa
pretiosa - A própria coisa preciosa.
Esta
era uma profunda confirmação de nossa tese de que Rosslyn era uma
reconstrução do Templo de Herodes. Nós imediatamente imaginamos se este
ritual da Maçonaria continha essas palavras para o único propósito de
revelar o significado de Rosslyn ou se Rosslyn havia sido projetada
neste formato para confrontar-se com os conhecimentos mais antigos?
Nesse momento isto não importava, pois estava claro para nós que William
St Clair era o homem que tinha estado envolvido com ambos. A definição
maçônica do 'Selo de Salomão' segue a seguir:
A
Jóia de Companheiro do Real Arco é um triângulo duplo, muitas vezes
chamado de Selo de Salomão, inscrito em um círculo de ouro; na base há
um rolo de pergaminho onde constam as seguintes palavras Nil nisi clavis
deest - Nada é desejada a não ser a chave - e no círculo aparece
escrito, Si tatlia jungere possis sit tibi scire posse - Se vós pudestes
compreender estas coisas, vós conhecestes o suficiente.
William
St Clair havia cuidadosamente escondido esta escrita secreta dentro dos
rituais da Maçonaria, que devem ter existido anteriormente a 1440.
Neste ponto, nós sabíamos que era certo que o arquiteto deste 'Templo de
Yahweh' escocês tinha inserido as suas próprias definições para estes
antigos símbolos para que alguém em um futuro distante pudesse 'virar a
chave' e descobrir os segredos de Rosslyn.
Os
nove Cavaleiros originais que cavaram abaixo dos escombros do Templo de
Herodes cuidadosamente mapearam as fundações abaixo do solo, mas eles
não possuíam nenhuma condição de saber como a principal superestrutura
se parecia, exceto pela seção da parede ocidental que ainda existia de
pé aquele tempo. As principais paredes de Rosslyn equiparavam-se
exatamente com a linha de paredes do Templo de Herodes descobertos pela
expedição do exército britânico liderada pelo tenente Wilson e pelo
tenente Warren, membros dos Engenheiros Reais.
Plano de Rosslyn
Wilson
iniciou um levantamento de toda a cidade de Jerusalém para a
padronização do Levantamento de Artilharia em 1865 e, em Fevereiro de
1867, o tenente Warren chegou para empreender uma escavação dentro das
galerias abaixo da área do Templo. Um dos diversos diagramas produzidos
por Warren Ilustra o grau de dificuldade que eles encararam e ajuda a
explicar o porquê dos Cavaleiros Templários terem levado nove anos para
conduzir suas escavações.
A
maior parte da edificação de Rosslyn foi projetada como uma
interpretação da visão de Ezequiel da Jerusalém reconstruída ou
'celeste' com suas muitas torres e pináculos. Uma das partes da
edificação que é claramente diferente é a parede ocidental que foi
construída em proporções maiores. A explicação oficial para esta escala
maior é a de que a própria 'capela' seria somente uma capela lateral de
uma igreja colegiada muito maior. Os atuais guardiões de Rosslyn admitem
que esta explicação é uma suposição, uma vez que não existem evidências
de que esta fosse a intenção de William St Clair. Certamente, qualquer
parede que permanecesse sozinha poderia ser parte de uma edificação que
tenha sido praticamente demolida. Neste caso há uma terceira opção: de
que a parede seja uma réplica de uma edificação praticamente demolida,
deste modo, nunca haveria uma outra parte - nem atual, nem pretendida.
Inicialmente, parecia ser assim, embora fosse impossível encerrar de modo conclusivo o debate.
Após
a publicação de nosso livro anterior, nós estivemos em contato com um
grande número de pessoas, muitas das quais possuíam informações para nós
ou estavam em posição de oferecer assistência. Entre estas pessoas
encontrava-se Edgar Harborne que é um conceituado Maçom, sendo um Past
Grande Mestre de Cerimônias Assistente da Grande Loja Unida da
Inglaterra.
Edgar
é também um estatístico e integrava uma sociedade de pesquisa na
Universidade de Cambridge, onde era patrocinado pelo Ministro da Defesa
para analisar a rendição e os pontos cruciais dos campos de batalha. Ele
foi capaz de confirmar que nossa tese a respeito da morte de Seqenenre
Tao, o rei da décima sétima dinastia do Antigo Egito, era altamente
plausível devido aos ferimentos que não eram totalmente típicos daqueles
encontrados em antigas batalhas.
Edgar
foi perspicaz ao visitar Rosslyn em companhia de seu bom amigo Dr. Jack
Millar que é um diretor de estudos de uma famosa universidade.
Felizmente para nós, Jack é um geólogo de considerável fama, com
aproximadamente duzentas publicações acadêmicas em seu nome.
No
inicio de Agosto de 1996, Edgar e Jack voaram à Edimburgo onde nós nos
encontramos, em uma sexta-feira à tarde, e imediatamente nos dirigimos
para Rosslyn para uma avaliação do terreno como precursora de uma
investigação de solo mais profunda. Lá, nós nos encontramos com Stuart
Beattie, o diretor de projeto de Rosslyn, que gentilmente nos abriu o
edifício. Edgar e Jack passaram algumas horas absortos pela beleza e
complexidade da obra de arte,e então nos retiramos para o hotel para
discutir nosso plano de ação para o dia seguinte. Ambos os homens
estavam muito excitados e todos nós conversamos muito sobre o que
havíamos visto. Entretanto, Jack esperou até o café da manhã do dia
seguinte para nos contar que ele havia notado algo sobre a parede
ocidental que ele acreditava que acharíamos interessante. Quando nós
retornamos a Rosslyn ele nos explicou. .
'Este
debate sobre se a parede ocidental é uma réplica de uma ruína ou uma
seção inacabada de uma edificação muito maior...', disse Jack, apontando
para o lado do noroeste. 'Bem, há somente uma única possibilidade - e
eu posso assegurar-lhes que vocês estão corretos. Aquela parede
ocidental é um disparate'.
Nós
ouvimos atentamente as razões que poderiam provar os nossos argumentos.
'Há duas razões do porquê de eu poder assegurar que isto é um
disparate. Inicialmente, enquanto aqueles suportes possuem uma
integridade visual, os mesmos não possuem nenhuma integridade
estrutural; a cantaria não está presa completamente à seção central
principal. Qualquer tentativa de construir além teria resultado em um
colapso estrutural... E o povo que construiu esta 'capela' não era tolo.
Eles simplesmente nunca pretenderam ir além'. Nós olhamos para onde
Jack estava apontando e pudemos ver que ele estava absolutamente certo.
Ele
continuou: 'Ainda mais, venham até aqui e dêem uma olhada nas pedras de
canto'. Jack andou até o canto e nós o seguimos, de modo que todos
estivéssemos diante das desiguais paredes arruinadas que possuíam pedras
projetando-se na direção do ocidente. 'Se os construtores tivessem
interrompido o trabalho por causa da falta de dinheiro ou apenas para
completarem posteriormente, eles teriam deixado um trabalho de cantaria
perfeitamente esquadrinhado, mas estas pedras tinham sido
deliberadamente trabalhadas para aparentar estarem danificadas -
exatamente como uma ruína. Estas pedras não foram expostas às
intempéries como aquela... Elas foram cortadas para parecerem com uma
parede arruinada'.
A explicação de Jack foi brilhantemente simples.
No
início daquele ano, nós havíamos trazido o Professor Philip Davies, do
Departamento de Estudos Bíblicos da Universidade de Sheffield e o Dr.
Neil Sellors, um colega de Chris, até a Escócia onde fomos convidados do
Barão St Clair Bonde, um descendente direto de William St Clair e um
dos mantenedores da Capela de Rosslyn.
Nós
nos dirigimos à inacreditavelmente bela moradia do Barão em Fife onde
nós fomos muito bem recebidos por ele e por sua esposa sueca, Christina,
e aonde nos foi apresentada uma esplêndida refeição sueca onde nos foi
apresentado um outro dos mantenedores, Andrew Russell e sua esposa
Trish.
Na
manhã seguinte, nós todos fomos visitar Rosslyn onde o Professor Davies
havia arranjado um encontro com seu velho amigo o Professor Graham
Auld, o Reitor da Divindade da Universidade de Edimburgo. Os dois
pesquisadores bíblicos estudaram a edificação por dentro e por fora e
então se dirigiram ao longo do vale para vê-Ia de uma certa distância.
Ambos os homens conheciam muito bem Jerusalém e de fato concluíram que a
construção era um notável remanescente do estilo herodiano.
Olhando
a partir do exterior da parede norte, Philip repetiu suas impressões:
'Este não se parece com qualquer lugar de veneração cristã. A impressão
esmagadora é a de que foi construída para abrigar algum grande segredo
medieval'.
Pondo
junto à evidência desses conceituados acadêmicos das universidades de
Cambridge, Sheffield e Edimburgo, parece que nós havíamos provado nosso
argumento de que Rosslyn foi projetada como uma réplica do Templo de
Herodes.
O
Barão St Clair apontou que mais de cinqüenta por cento do grande número
de figuras esculpidas na edificação estão portando rolos de pergaminhos
ou livros e um pequeno friso é arrematado com uma cena que parece
mostrar algo como rolos de pergaminhos sendo colocados em caixas de
madeira com uma sentinela colocada e portando uma chave encimada com um
esquadro. O esquadro é uma peça fundamental do simbolismo maçônico. Esta
e outras evidências a partir das esculturas convenceram-nos de que os
manuscritos dos Nazoreanos que nós já sabíamos terem sido removidos
debaixo do Templo de Herodes pelos Cavaleiros Templários estavam aqui em
Rosslyn.
Uma Linha de Conhecimento
Sempre
nos impressionou, como uma forte curiosidade, que o nome da 'capela' é
escrita como Rosslyn, enquanto que o da vila em torno desta é escrita
como Roslin. Ao pesquisarmos sobre esta diferença, foi-nos dito que se
passou a escrever o nome com um duplo 's' e com 'y' somente a partir da
década de 1950 como uma forma de tornar o lugar um pouco mais celta.
Nós
sabemos que os lugares com nomes celtas sempre possuem um significado,
mesmo sendo estes muito cumpridos, como a vila gaulesa de:
Llanfairpwllgwyngethgogerwyllyndrobwllllantisiliogogogoch, e que contém
uma completa descrição do lugar. (esta última significa: A Igreja de
Santa Maria próxima ao rápido moinho d'água ao lado da côncava aveleira
branca oposta à caverna vermelha de São Sílio). Entretanto, ficamos
curiosos sobre o significado gaélico de 'Roslin' que freqüentemente tem
sido explicada como uma queda d'água ou promotório, apesar desta não
descrever o local nem agora e nem em qualquer época passada. As palavras
comuns em gaélicos para promontório são roinn, rubha, maoil ou
ceanntire e para queda d'água são eas ou leum-uisge. Um significado
adicional para Ross, ocorrendo apenas em nomes de origem irlandesa, é
promontório de madeira, que somente se o nome possuísse conexões
irlandesas (ou se os pesquisadores anteriores tivessem usado um
dicionário gaélico-irlandês por engano) se poderia formá-lo usando-se
esta definição.
Com
fluência em gaélico, Robert sabia que o som fonético 'Roslin' poderia
ser escrito como 'Rhos Llyn' que significa 'lago acima do pântano'. Sem
ser surpreendente, entretanto, estas palavras oriundas de Gales não
descrevem o lugar de forma melhor que as irlandesas e, deste modo,
procuramos as duas sílabas em um dicionário gaélico-escocês que nos
forneceu a seguinte definição:
Ros: um substantivo que significa conhecimento.
Linn: um substantivo que significa geração.
Parece que em gaélico, Roslinn poderia ser traduzido por conhecimento das gerações.
Nós
estamos certos de que confiar em dicionários sempre resulta em
traduções curiosas e sendo assim, decidimos recorrer a alguém que
realmente conhecesse a língua gaélica (corretamente conhecida por
gaélica e nunca como gaulesa).
Durante
uma visita à Grande Loja da Escócia em 1996, nós fomos apresentados à
Tessa Ransford, a diretora da Biblioteca de Poesia Escocesa em
Edimburgo. Nós ficamos extremamente lisonjeados em descobrir que ela,
uma notável poetisa escocesa, havia escrito um poema para louvar o nosso
livro anterior. Um dos propósitos principais da Biblioteca é tornar
acessível ao público a poesia da Escócia em qualquer língua que tenha
sido escrita; isto significa que Tessa, que é casada com uma pessoa
fluente em gaélico, reunia-se regularmente com um grande número de
pessoas que possuíam um conhecimento detalhado da língua.
Nós
contatamos Tessa e perguntamos se ela poderia verificar se a nossa
interpretação do nome Roslin estava correta e ela gentilmente concordou
em discuti-Ia com especialistas nesta língua. Alguns dias mais tarde,
ela nos procurou dizendo-nos que a nossa tradução não havia considerado
uma significante pista contida na palavra 'Ros' que mais corretamente
carrega um significado que a faz ser mais especificamente ser 'antigo
conhecimento'; deste modo, a tradução que ela confirmava era mais
precisamente: antigo conhecimento passado ao longo das gerações.
Tessa
e seus colegas estavam realmente excitados e nós estarrecidos com esta
ainda mais poderosa interpretação que aparentava encaixar-se
perfeitamente com o propósito de Rosslyn ser considerada como um
santuário de antigos manuscritos.
A
próxima questão era: quando a palavra 'Roslin' ou 'Roslinn' (uma vez
que não havia uma padronização da escrita naqueles dias) foi usada
inicialmente? Nós sabíamos que ela era anterior à construção da 'capela'
de William St Clair, o que poderia indicar que os manuscritos removidos
debaixo do Templo de Herodes haviam sido mantidos no castelo antes da
'capela' ter sido construída.
Através
de uma breve investigação, nós rapidamente descobrimos que a história
dos St Clair, na Escócia, iniciara com um cavaleiro chamado William St
Clair que popularmente era conhecido como William, o Gracioso. William
era natural da Normandia e sua família era conhecida oponente do Rei
Guilherme I, o normando que conquistou a Inglaterra em 1066. William St
Clair considerava que ele possuía um bom motivo para reivindicar o trono
da Inglaterra através de sua mãe Helena, que era filha do quinto Duque
da Normandia, uma vez que Guilherme, o Conquistador, era o filho
ilegítimo de Roberto, Duque da Normandia, com a filha de um curtidor que
se chamava Arletta. A família St Clair ainda refere-se ao Rei Guilherme
I simplesmente como Guilherme, o Bastardo.
William,
o Gracioso, foi o primeiro St Clair a mudar-se da Normandia e
naturalmente falava apenas o francês, mas seu filho Henri foi educado
sob a forte regra celta de Donald Bran e, deste modo, falava o gaélico
tão bem como o francês normando (assim como todos os St Clair
posteriores até o tempo de Sir William, o construtor da 'capela'). Nós
descobrimos que foi este Henri St Clair que primeiro portou o título de
Barão de Roslin, logo após seu retorno da Primeira Cruzada.
Esta
data foi um grande desapontamento para nós uma vez que ela
desestruturou a nossa bela teoria. Henri teria retornado da Cruzada por
volta do ano 1100, oito anos antes dos Templários iniciarem suas
escavações, e deste modo o nome Roslin (antigo conhecimento passado ao
longo das gerações) não poderia ser uma referência aos manuscritos que
nem ainda haviam sido descobertos. Entretanto, como nós refletimos e
pensamos que nós havíamos descoberto algo novo e muito importante para
as nossa pesquisa. Nós recusávamos a acreditar que seria uma mera
coincidência o fato de Henri ter usado um nome de tal significado para o
seu novo título e, sendo assim, começamos a pesquisar em busca de novas
pistas.
Nós
logo após descobrimos que Henri St Clair havia lutado nas Cruzadas e
marchado para Jerusalém ao lado de Hugues de Payen, o fundador dos
Cavaleiros Templários. Além disso, logo após Henri ter escolhido
'Roslin' como seu título, Hugues de Payen casou-se com a sobrinha de
Henri e foram dadas terras na Escócia como um dote. As conexões estavam
além da controvérsia, mas o que elas significavam? Henri estava, através
da escolha de seu título, sinalizando que possuía um conhecimento
especial da antiga tradição, ou era, talvez, apenas uma peça pregada por
Henri para seu próprio divertimento? Parece que a nossa intuição de que
os nove Cavaleiros que formavam os Templários sabiam o que estavam
procurando estava correta, mas nós não poderíamos imaginar como eles
poderiam saber o que estava enterrado sob o Templo de Herodes. Talvez,
um melhor estudo da edificação revelaria alguma pista.
Os Cavaleiros da Cruz Vermelha da Passagem da Babilônia
Nossa
descoberta de que Rosslyn possuía conexões incontestáveis com os graus
da Maçonaria moderna causou muito interesse após a publicação d'A Chave
de Hiram e muito pesquisadores nos procuraram. Um deles era um
historiador maçônico da Bélgica chamado Jacques Huyghebaert. Jacques
enviou-nos um e-mail perguntando-nos sobre a origem da inscrição em
latim gravada no arco da Capela de Rosslyn que havíamos mencionado em
nosso livro. Traduzida ela significa:
O VINHO É FORTE,
UM REI É MAIS FORTE,
AS MULHERES SÃO AINDA MAIS FORTES.
MAS A VERDADE CONQUISTARA A TODOS.
Este
estranho lema é a única inscrição original em toda construção e era
claramente de muita importância para William St Clair na década de 1440.
A mensagem eletrônica de Jacques dizia:
Vocês
poderiam me fornecer a versão original em latim desta inscrição que
está esculpida no Santuário de Rosslyn? Vocês seriam capazes de datá-la?
... Vocês conhecem um grau [maçônico] complementar que se ocupa da relação entre Vinho, Reis, Mulheres e a Verdade?
Este
grau é chamado de 'Ordem dos Cavaleiros da Cruz Vermelha da Babilônia'
ou da 'Ordem do Caminho da Babilônia' e na Inglaterra está intimamente
relacionado ao Real Arco.
...
Seu ritual é baseado no Livro de Esdras e os eventos que ocorreram
durante o Cativeiro da Babilônia... De acordo com a lenda maçônica deste
grau, Zorobabel, o Príncipe de Judá, solicitou uma audiência no Palácio
na Babilônia, de modo a obter permissão para reconstruir o Templo do
Altíssimo em Jerusalém.
O
Rei da Pérsia, demonstrando sua boa vontade sobre esta permissão, disse
'que tem sido um costume desde tempos imemoriais, entre os Reis e os
Soberanos desta região, em ocasiões como esta propor certas questões'. A
questão que Zorobabel deveria responder era: 'Qual delas é a mais
forte, a Força do Vinho, a Força dos Reis ou a Força das Mulheres?'
Nós
estávamos muito empolgados com as boas novas e respondemos a Jacques,
dizendo que a existência desta inscrição em Rosslyn e o seu uso em um
alto grau da Maçonaria deve estar além da coincidência. Ele nos
respondeu:
Como
vocês disseram, isto deve estar além da coincidência. Entretanto, eu
recomendaria sermos cautelosos... Vocês poderiam verificar se esta
inscrição não foi esculpida por um 'espertinho' no século XIX ou XX, que
tinha conhecimento deste grau, e a adicionou discretamente durante um
recente trabalho de restauração?
Se,
entretanto, por uma chance a inscrição em latim em Rosslyn provar-se
ser mais ANTIGA do que 1700 não haverá dúvida de que vocês fizeram uma
GRANDE DESCOBERTA, pois esta seria a primeira prova irrefutável de que
os rituais dos altos graus eram trabalhados na Escócia tempos antes de
seu lugar geralmente aceito e do seu período de criação: em França, após
o ‘Discurso' do Chevalier Ramsay, isto é, a partir da década de 1740.
Nós
imediatamente contatamos Judy Fisken, que era a curador de Rosslyn
àquela época, para estabelecer a origem da inscrição. Judy nos informou
que a pedra na qual a inscrição encontrava-se gravada era uma parte
intrínseca da estrutura da edificação e que ela estava certa de que as
palavras gravadas datavam da construção da 'capela' nos meados de 1400.
Deste modo, escrevemos para Jacques:
As
chances da inscrição em latim ser uma adição posterior são iguais a
zero. Nenhuma área do interior foi deixada sem ser esculpida e estas
palavras não foram certamente sobrescritas a qualquer outra existente. O
tipo de fonte certamente corresponde a do século XV. Também até 1835, a
conexão maçônica com o edifício não era ainda amplamente conhecida para
que alguém tivesse embocado sobre o pilar Jachin, fazendo parecer
exatamente como os demais pilares, de modo que o significado maçônico
dos pilares gêmeos fosse escondido.
*
André-Michel Romsay, conhecido por Cavaleiro de Ramsay (Ayr, Escócia,
1686 - Saint Germain em Laye, 1743): Ramsay, protestante convertido ao
catolicismo, iniciou sua carreira maçônica entre os anos de 1725 e 1726,
sendo iniciado em uma Loja francesa quando este retornava de Roma.
Importante escritor e pesquisador de fIlosofia e política, tornou-se
rapidamente membro da administração da Grande Loja de França, sendo seu
Grande Chanceler. Sua carreira maçônica é freqüentemente associada ao
seu famoso Discurso, pronunciado à Loja de Saint-Thomas, onde este
exaltava a necessidade da criação de altos graus maçônicos para o
aperfeiçoamento da fIlosofia da Maçonaria e ligava esta última aos
Pobres Cavaleiros do Templo de Salomão, ou os Cavaleiros Templários. (N.
T.)
Uma
noite, nós discutimos esta abordagem com Philip Davies e na manhã
seguinte nos dirigimos ao escritório de Chris com uma fotocópia dos dois
Livros de Esdras que fazem parte apócrifa da Bíblia. Nós mantivemos
Jacques a par de nossas pesquisas:
O
Professor Philip Davies veio junto a nós com uma tradução completa do
Livro de Esdras. A parte que nos interessou não é muito extensa, mas
muito curiosa! Acredita-se que no texto original não havia o termo a
'verdade' que fora adicionado posteriormente por autor judeu.
O
Rei havia pedido à sua guarda pessoal para dizer o que era a coisa mais
forte e contou-lhes que aquele que fornecesse a resposta mais sábia
tornar-se-ia um igual ao Rei e desfrutaria de grandes riquezas. O homem
que disse 'a verdade é a mais forte' é feito nobre e então diz ao Rei:
'Lembrai
de vosso juramento que fizestes um dia quando vós vos tornastes Rei,
construir Jerusalém, e que enviaria de volta todos os vasos sagrados que
foram tomados de Jerusalém que Ciro havia protegido quanto destruiu
Babilônia e que prometera enviar para lá. Vós também jurastes construir o
Templo que os Edomitas queimaram quando a Judéia caiu diante dos
Caldeus’.
Isto
era importante para William St Clair, pois Rosslyn era a sua
reconstrução do Templo, baseada no modelo do Templo de Herodes e na
visão de Ezequiel da Nova Jerusalém.
Como você disse, tudo isso não pode ser coincidência.
Neste
meio tempo, nós havíamos inquirido os nossos companheiros Maçons por
qualquer informação sobre o ritual dos Cavaleiros da Passagem da
Babilônia e descobrimos nossa primeira referência em uma publicação
maçônica.
Cruz Vermelha da Babilônia: O mais profundo e místico dos Graus Maçônicos
Associados,
este grau é similar aos graus 15º (Cavaleiro da Espada ou do Oriente),
16º (Príncipe de Jerusalém) e 17º (Cavaleiro do Oriente e do Ocidente)
do Rito Escocês Antigo e Aceito. Os três pontos ou partes da cerimônia
descendem de três dos graus praticados nos meados do século XVIII. Parte
da cerimônia é semelhante à Passagem dos Véus dos ritos escoceses e do
Campo de Balduíno... Para ser um membro dos Graus Maçônicos Associados
você deve ter sido tanto um Maçom do Real Arco, como um Mestre Maçom da
Marca.
Agora
que sabíamos que o grau existia sob os auspícios do Grande Capítulo nós
rapidamente localizamos o ritual e este era uma fascinante leitura. O
'Campo de Balduíno', inicialmente pensamos, parecia ser uma referência
ao acampamento dos Cavaleiros Templários no terreno arruinado do Templo
de Herodes sob os auspícios do Rei Balduíno de Jerusalém, mas logo
aprendemos que estava associado com um antigo grupo de Maçons de
Bristol.
O
título completo do grau é Cavaleiro da Cruz Vermelha da Babilônia ou da
Passagem da Babilônia. Ele consiste de três dramas ritualísticos, ou
pontos, que narram três incidentes retirados dos capítulos 1-6 do Livro
de Ezra, dos capítulos 2-7 do Livro de Esdras e dos capítulos 1-4 do
Livro 11 d'As Antiguidades dos Judeus, de Josephus.
Este
grau narra detalhadamente os motivos e os propósitos da reconstrução do
Templo de Jerusalém. O líder do grau, conhecido como Mui Excelente
Chefe, marca o exato ponto na abertura do grau quando ele propõe a
seguinte questão:
Excelente Primeiro Vigilante, que horas são?
Ele recebe a seguinte resposta:
A hora da reconstrução do Templo.
O
ritual prossegue dizendo que Dario concordou em apoiar Zorobabel, o
Príncipe de Judá, e emite um edito que permite a reconstrução do Templo e
'ainda mais, os vasos de ouro e prata que Nabucodonosor havia tomado
serão restaurados e colocados em seus devidos lugares'. Neste ponto da
cerimônia, Dario nomeia o candidato, que faz o papel de Zorobabel, um
cavaleiro do Oriente, e lhe dá uma fita verde ornada com ouro o que
significa a iniciação nos mistérios secretos.
Antes
de ser permitido a Zorobabel deixar a corte de Dario e retomar a sua
tarefa de reconstrução do Templo, a ele, em companhia de dois outros, é
colocado um enigma por parte Dario, cuja resposta correta o cobrirá de
grande prestígio e honra:
O
grande Rei faz através de mim conhecido o seu contentamento e deste
modo cada um de vós três dará a sua opinião em resposta a questão. O que
é mais forte, o Vinho, o Rei ou as Mulheres?
O
ritual então nos conta as três respostas que foram dadas ao enigma de
Dario. O primeiro jovem disse que o vinho era o mais forte porque ele
podia alterar a mente e o humor de qualquer um que bebê-lo; o segundo
jovem disse que o Rei era o mais forte, pois, mesmo os soldados eram
obrigados a obedecer lhe. Na vez do candidato Zorobabel falar, o ritual
coloca as seguintes palavras em sua boca:
Ó,
Senhores, é verdade que o vinho é forte, bem como os homens e o Rei;
mas quem controla a todos? Certamente, as Mulheres. O Rei é o presente
de uma mulher. As mulheres são as mães daqueles que trabalham nos
vinhedos que produzem os vinhos. Sem as mulheres, os homens não podem
existir. Um homem faz de fato coisas tolas pelo amor de uma mulher; dá a
ela valiosos presentes e, algumas vezes, mesmo vende-se a si mesmo à
escravidão por sua saúde. Um homem deixará o lar, o país e os títulos de
nobreza pelo seu bem.
Ó, Senhores, não são as mulheres fortes, haja visto o que elas podem fazer?
Mas
nem as Mulheres, o Rei ou o Vinho são comparável à poderosa força da
Verdade. Como todas as outras coisas, eles são mortais e transitórias;
mas somente a Verdade é imutável e eterna. Os benefícios que dela
recebemos não variam com o tempo e com a fortuna. Em seu julgamento não
há a injustiça; e ela é a sabedoria, a força, o poder e a majestade de
todas as épocas.
Abençoado seja o Deus da Verdade.
Grande é a Verdade e poderosa é sobre todas as coisas!
Em
face de tal evidência, ninguém pode negar que William St Clair era
conhecedor deste grau maçônico que, até o presente momento,
acreditava-se inicialmente ter sido praticado após 1740. Ele é pelo
menos trezentos anos mais antigo - e nós brevemente descobriríamos
evidências que o dataria de mais longe ainda.
O Segredo das Pedras
Tendo
descoberto irrefutáveis evidências que um alto grau da Maçonaria era
conhecido por William St Clair, nós começamos a olhar mais atentamente
do que antes os mínimos detalhes do intrincado interior e exterior
esculpido de Rosslyn. Uma pequena, porém fantástica descoberta, era a
gravação de dois homens, lado a lado. Apesar desta escultura exterior
estar danificada pelas intempéries e possuir aproximadamente trinta
centímetros de altura, nós pudemos observar muito bem, a maior parte de
seus detalhes. Ela mostra um homem vendado com vestimentas medievais,
ajoelhado e segurando com sua mão direita um livro com uma cruz na capa,
seus pés colocados de modo a formar um esquadro. Em torno do pescoço do
homem há um nó corrediço, sendo a ponta deste segurada por um segundo
homem que estava vestindo um manto templário com a cruz distintiva
mostrada em seu peito.
Quando
descobrimos esta pequena gravação, nós procuramos Edgar Harborne, uma
autoridade da Grande Loja Unida da Inglaterra. Somados, tínhamos
aproximadamente setenta anos de experiência maçônica e sabíamos
exatamente o que estávamos olhando. Edgar estava empolgado e surpreso,
assim como nós, pois não havia qualquer dúvida; esta era a imagem de um
candidato à Maçonaria durante o processo de sua iniciação no ponto
crítico de seu juramento de obrigação. A forma dos pés, o cordame, a
venda, o volume da lei sagrada - esta imagem mostra um homem sendo
admitido na Maçonaria cinco séculos e meio atrás! Ainda mais, esta
pequena estátua era a primeira representação visual de um Templário
conduzindo uma cerimônia que nós agora consideramos ser unicamente
maçônica.
O
fato de ela apresentar um Templário conduzindo um candidato implica que
a escultura estava demonstrando um evento histórico que datava do
período templário, deste modo ela poderia estar mostrando-nos uma
cerimônia maçônica de setecentos anos de idade.
Dentro
da edificação, nós analisamos cada uma das pequenas esculturas. Isto
era difícil, devido, em algum ponto do passado recente, a alguma alma
caridosa que cobrira completamente o interior com uma massa de areia e
cal em uma mal sucedida tentativa de proteger o trabalho de cantaria, o
que obscureceu os pequenos detalhes.
No
alto de dois meio pilares construídos na parede meridional, com uma
altura de aproximadamente três metros, nós descobrimos pequenas
representações que eram extremamente interessantes. Uma destas com
apenas alguns centímetros de altura mostra um grupo de figuras com uma
pessoa portando uma peça de tecido na qual havia no centro a face de um
homem barbado e com cabelos longos. A figura que porta o tecido teve sua
cabeça perdida e, uma vez que há poucos danos ao edifício, parece, como
pensamos, que ela foi deliberadamente removida. Isto fez-nos olhar para
outras cabeças e ficamos impressionados pela distintiva aparência de
cada uma delas. As faces não são amenas ou anônimas, como normalmente se
vêem em edifícios semelhantes; elas dão a impressão de que eram
deliberadamente semelhantes a indivíduos conhecidos - quase como
máscaras mortuárias em miniatura.
Só nos restava especular: esta pequena estatueta representa alguém segurando o Sudário de Turim?
Só
existem duas explicações para tal imagem: é o Sudário de Turim que está
sendo portado ou é aquilo que conhecemos por 'Verônica'.
A
lenda não-bíblica de Santa Verônica narra como uma mulher
(freqüentemente associada à Maria Madalena) deu o seu manto (em algumas
versões o seu véu) a Jesus para enxugar sua face quando ele estava
deixando o Templo ou no caminho do Calvário portando sua cruz. Quando
esta tomou o manto de volta, neste havia a imagem da face
miraculosamente impressa no tecido. Estudiosos modernos acreditam que o
nome 'Verônica' é derivado do latim vera e do grego eikon, significando
'a verdadeira imagem'. O nome e a idéia são um tanto suspeitos, uma vez
que a Igreja Católica Romana não reconhece uma santa chamada Verônica.
Apesar desta negação de beatificação, o 'manto original' pode ser
encontrado na Basílica de São Pedro na Cidade do Vaticano.
Isabel
Piczek, uma artista que tem estudado o Sudário de Turim e que provou
que este não poderia ser uma pintura, esteve em uma visita não oficial
para ver a Verônica na Basílica de São Pedro. Ela descreveu esta
experiência ao pesquisador do Sudário, Ian Wilson:
Sobre
ele estava um pedaço de tafetá colorido do tamanho de uma cabeça, do
mesmo tipo do sudário, levemente acastanhado. Ele não parecia estar
remendado, apenas uma mancha de cor ferrugem acastanhada. Parecia um
pouco desigual, exceto por algumas descolorações trançadas... Mesmo com a
melhor das imaginações, você não é capaz de deslumbrar qualquer rosto
ou imagem dele, nem mesmo a mais leve sugestão disto.
Estávamos
cientes que esta antes inexpressiva relíquia 'sagrada', ou a idéia por
trás dela, possa ser anterior ao advento do Sudário, mas não era
certamente logo após as exibições públicas do Sudário de Turim em Lirey
que a popularidade de uma imagem do rosto sagrado cresceu. Padre
Thurston, um historiador cristão, categoricamente estabelece que a lenda
da Verônica, como apresentada na atual Estações da Via Dolorosa, não
pode ser datada de antes do final do século XIV. Tal datação
significaria que a lenda surgiu após a primeira exibição pública do
Sudário de Turim em 1357.
A
cabeça de Cristo tem sempre sido representado nos ícones tendo longos
cabelos repartidos ao meio e com uma barba espessa e quando um pedaço de
tecido surgiu com tal representação poderia ter difundido a idéia de
uma 'Verônica'.
A
coluna seguinte em Rosslyn possui uma cena igualmente pequena que
mostra uma pessoa sendo crucificada, mas estranhamente, uma vez mais a
cabeça foi removida. Os únicos danos aparentemente deliberados que nós
conhecemos na edificação são as das cabeças portando o rosto no tecido e
da pessoa crucificada. É como se alguém sentisse a necessidade de
ocultar a identidade por detrás destas imagens. As demais faces nas
miniaturas gravadas são certamente muito distintas - ainda embora elas
parecessem com pessoas reais. Nós imaginamos se a pessoa que encobriu o
pilar de Jachin com gesso também removeu as cabeças dessas figuras
chaves.
Se
estes eram uma simples Verônica e uma representação padrão de Jesus na
cruz, não haveria necessidade de desfigurar os principais rostos.
A
figura crucificada não está pregada em uma idéia normal da cruz cristã,
onde a parte superior continuava afim da trave horizontal, mas a uma
cruz na forma de um Tau judaico que possuí a forma de um T. As
representações cristãs medievais freqüentemente mostram uma segunda
trave representando a placa que com zombaria, proclamava Jesus como
sendo o Rei dos Judeus - mas nunca mostra uma cruz Tau.
'Tau'
é a última letra do alfabeto hebraico e, como a letra grega 'Omega',
representa o fim de algo, especialmente a vida. É também verdade que a
maioria das crucificações romanas eram conduzidas em estruturas com este
formato, mas nenhum construtor do século XV teria condições de saber
isto. Parece que o criador desta pequena gravação ou era muito bem
informado a respeito da metodologia das crucificações romanas ou estava
deliberadamente utilizando-se da simbologia judaica para a morte. Quando
da pesquisa para nosso livro anterior, nós havíamos trabalhado com a
idéia de que a imagem do Sudário de Turim poderia ser a do último
Grão-Mestre dos Templários e, se nossas suspeitas de que o Sudário de
Turim é a imagem de Jacques de Molay estiver correta, nós poderíamos
esperar que William St Clair estivesse atento a este fato, uma vez que
sua família esteve intimamente envolvida com os Templários que haviam
fugido para a Escócia após a queda da Ordem - mas por que ele está
representado desta forma? Talvez o Sudário provaria ser muito mais
importante do que havíamos pensado.
O
corpo governante da Maçonaria Inglesa e Gaulesa, a Grande Loja Unida da
Inglaterra, é enfático sobre o fato de nada ser conhecido ao certo
sobre a história da organização anterior à fundação da Grande Loja de
Londres em 1717. Tem sido crítico para nós sugerir que há uma história a
ser descoberta para aqueles que escolheram procurar, e aqui, em
Rosslyn, nós possuíamos provas positivas de que os rituais maçônicos são
pelo menos duzentos e setenta e cinco anos mais antigos do que a
história oficial da Maçonaria, como definida pela Grande Loja Unida da
Inglaterra.
Nosso
próximo estágio de pesquisa era olhar atentamente em como e por que a
Maçonaria Inglesa perdeu contato com seu passado e estabelecer o que
está sendo escondido, se for o caso, por detrás de uma cega recusa em
conhecer qualquer história anterior a 1717.
Conclusão
Parece
que os Cavaleiros Templários conheciam o que eles estavam procurando
quando iniciaram sua escavação de nove anos e o seu voto de obediência
fortemente sugere que outros estavam envolvidos por detrás disto tudo.
Rosslyn
é uma cópia deliberada das ruínas do Templo de Herodes com um projeto
que é inspirado na visão de Ezequiel da nova 'Jerusalém Celeste'. As
pistas para a compreensão da edificação estavam colocadas dentro do
então secreto ritual do Grau do Santo Real Arco da Maçonaria. William St
Clair utilizou este método para contar-nos que a edificação é 'o Templo
de Jerusalém', 'uma chave para um tesouro' e 'um lugar onde algo
precioso está oculto', ou 'a própria coisa preciosa'.
A
grande parede ocidental de Rosslyn pode ser conclusivamente encarada
como uma reconstrução de parte do Templo de Herodes, e o nome 'Roslin'
possui o surpreendente significado 'o antigo conhecimento passado ao
longo de gerações', quando compreendido a partir do gaélico. A razão
para este nome não está clara, mas Henri St Clair de Roslin era
excepcionalmente íntimo de Hugues de Payen, o líder dos primeiros
Templários.
Uma
gravação no exterior claramente mostra um candidato sendo iniciado na
'Maçonaria' por um homem usando um traje templário, e uma inscrição
dentro da edificação demonstra que os construtores eram familiarizados
com um dos altos graus da Maçonaria, trezentos anos antes da data
anteriormente aceita de sua origem.
Uma
gravação dentro da edificação parece mostrar o Sudário de Turim sendo
portado por alguém e uma outra que mostra a crucificação de uma pessoa
sem cabeça em uma cruz Tau judaica. Talvez o Sudário de Turim esteja
diretamente conectado à história que Rosslyn narra em pedra.
*Christopher
Knight nasceu em 1950 e em 1971 concluiu seus estudos formando-se em
publicidade e desenho gráfico. Ele sempre demonstrou um forte interesse
no comportamento social e no sistema de crenças tendo por muitos anos
atuado como analista de consumo envolvido no planejamento de novos
produtos e suas estratégias de vendas. Em 1976 tornou-se Maçom e
atualmente é presidente de uma agência de publicidade e marketing.
Dr.
Robert Lomas nasceu em 1947 e graduou-se com honra em engenharia
elétrica, iniciando-se após isso em pesquisas no campo de física dos
estados sólidos. Mais tarde trabalhou no sistema de direcionamento para
os mísseis Cruise e esteve envolvido no desenvolvimento de computadores
pessoais mantendo sempre o seu interesse sobre história da ciência. Ele
atualmente leciona no Centro de Administração da Universidade de
Bradford. Em 1976 tornou-se Maçom e rapidamente tornou-se um conceituado
palestrante sobre a história da Maçonaria nas Lojas da região de West
Yorkshire.
Seu
primeiro livro foi o recordista de vendas A Chave de Hiram publicado em
1996 pela Century Books e publicado no Brasil em 2003.
Fraterno Abraço
RuyR@mires.'.
Nenhum comentário:
Postar um comentário