domingo, 17 de junho de 2012

O Labirinto e a Busca Interior




















Um dos conhecimentos da Tradição mais importantes e que foram incorporados por nossa cultura abrange o estudo do simbolismo dos Labirintos e sua utilização na vida psicológica e mística. O Labirinto e sua função psicológica são de conhecimento não só dos Iniciados de todas as épocas quanto do povo, em especial na Europa, que respeitava e conhecia algumas das finalidades daquelas construções e representações simbólicas até o advento do cristianismo. Com a Nova cristã muitos desses antigos costumes e conhecimentos foram propositadamente abandonados ou deixados de lado pela nova explicação espiritual.
A existência de “canais ou veias telúricas”, por onde flui a energia da Mãe-Terra, era também de conhecimento dos povos antigos, como hoje de algumas Organizações que buscam um conhecimento interno. Encontramos vestígios de tais “canais” em todas as partes do mundo, principalmente onde hoje é a Grã Bretanha e a França.
Além dos marcos conhecidos de tais pontos telúricos (os dolmens, menires, entre outros), temos os quase esquecidos Labirintos de pedra, desenhados nos lugares ditos anteriormente pagãos (locais onde, por cima, muitas Catedrais foram construídas). Vemos no interior de muitas Catedrais como, por exemplo, em Chartres, desenhos de Labirintos, como a nos relembrar constantemente os “antigos tempos” da Tradição Primordial. Os Labirintos seguiam muitas vezes os canais de energia telúrica do solo, dando, assim, forma ao seu complexo de passagens e corredores. Os Labirintos são encontrados também em outros lugares ou templos. Acredita-se que continham funções de interiorização, e até mesmo exotéricas.
Quanto à sua origem precisa, pode ser ainda mais difícil se predizer, pois até no Antigo Egito foram encontrados vestígios de Labirintos. Na Grécia fazia parte da cultura e da mitologia de seu povo, indicando obstáculos a serem superados para que se conseguisse alcançar determinado objetivo. Várias passagens mitológicas mostram isso, como o fio de Ariadne e o mitológico Minotauro. Na Holanda a lenda de São Jorge é atribuída pelos antigos a este conhecimento das linhas telúricas benfazejas, pois se dizia que sua lança era a representação de um menir. As forças da terra representariam o dragão e o Santo era o homem Iniciado nos mistérios, detentor do conhecimento, que dominava assim as energias da Natureza e as suas energias internas.
Um exemplo importante de labirinto Iniciático na Europa é o da Catedral de Chartres, na França. Segundo Luis Pellegrini, na obra Os pés alados de Mercúrio (Editora Axis Mundi),
O labirinto de Chartres é até hoje perfeitamente visível com suas pedras escuras encastradas no pavimento de pedras claras. Mas, infelizmente, mesmo esse labirinto não está completo. No seu centro havia, segundo testemunhos históricos, uma grande placa de cobre com a imagem, em relevo, do combate mitológico entre o herói Teseu e o Minotauro. Esta placa foi provavelmente removida em 1792, época da Revolução Francesa, e usada para a fabricação de canhões.
Mesmo os estudiosos católicos concordam hoje que o labirinto de Chartres, bem como os que existiam em outras catedrais francesas, é uma herança do labirinto antigo, um símbolo muito importante do pensamento filosófico e religioso do paganismo.
O Labirinto também simboliza as dificuldades da Iniciação daquele que a requer. É o símbolo do lento progresso de seu pensamento, de suas provas, de seu retorno a si mesmo, ao seu interior, a fim de encontrar o que chamaríamos de “o bom caminho”. Ou o verdadeiro caminho da Alma. No início de sua jornada o candidato desconhece a trilha a ser seguida, e o medo o envolve. Muitas vezes o candidato deve retornar a um determinado ponto para poder seguir adiante. Isso mostra os revezes da vida, assim como as suas voltas indicam o retorno a partir de novas bases, mais sãs e mais seguras, após períodos de aprofundadas reflexões. São aspectos do que é necessário ao requerente à Iniciação na qual aparece o Labirinto.
Neste sentido, os Labirintos desenhados nas Catedrais, sob uma forma curta e simbólica, nos indicam da mesma maneira uma representação de todas as nossas dificuldades do caminho. Podem ser provas físicas, ou não. Ou mesmo os perigos reais da vida.
Os Labirintos deixaram para a eternidade o fato de que seu simbolismo continua atual até os dias de hoje, e assim permanecerá para os Iniciados do amanhã.


Fraterno Abraço
RuyR@mires.'.

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