Um
dos conhecimentos da Tradição mais importantes e que foram incorporados
por nossa cultura abrange o estudo do simbolismo dos Labirintos e sua
utilização na vida psicológica e mística. O Labirinto e sua função
psicológica são de conhecimento não só dos Iniciados de todas as épocas
quanto do povo, em especial na Europa, que respeitava e conhecia algumas
das finalidades daquelas construções e representações simbólicas até o
advento do cristianismo. Com a Nova cristã muitos desses antigos
costumes e conhecimentos foram propositadamente abandonados ou deixados
de lado pela nova explicação espiritual.
A existência de “canais
ou veias telúricas”, por onde flui a energia da Mãe-Terra, era também de
conhecimento dos povos antigos, como hoje de algumas Organizações que
buscam um conhecimento interno. Encontramos vestígios de tais “canais”
em todas as partes do mundo, principalmente onde hoje é a Grã Bretanha e
a França.
Além dos marcos conhecidos de tais pontos telúricos (os
dolmens, menires, entre outros), temos os quase esquecidos Labirintos
de pedra, desenhados nos lugares ditos anteriormente pagãos (locais
onde, por cima, muitas Catedrais foram construídas). Vemos no interior
de muitas Catedrais como, por exemplo, em Chartres, desenhos de
Labirintos, como a nos relembrar constantemente os “antigos tempos” da
Tradição Primordial. Os Labirintos seguiam muitas vezes os canais de
energia telúrica do solo, dando, assim, forma ao seu complexo de
passagens e corredores. Os Labirintos são encontrados também em outros
lugares ou templos. Acredita-se que continham funções de interiorização,
e até mesmo exotéricas.
Quanto à sua origem precisa, pode ser
ainda mais difícil se predizer, pois até no Antigo Egito foram
encontrados vestígios de Labirintos. Na Grécia fazia parte da cultura e
da mitologia de seu povo, indicando obstáculos a serem superados para
que se conseguisse alcançar determinado objetivo. Várias passagens
mitológicas mostram isso, como o fio de Ariadne e o mitológico
Minotauro. Na Holanda a lenda de São Jorge é atribuída pelos antigos a
este conhecimento das linhas telúricas benfazejas, pois se dizia que sua
lança era a representação de um menir. As forças da terra
representariam o dragão e o Santo era o homem Iniciado nos mistérios,
detentor do conhecimento, que dominava assim as energias da Natureza e
as suas energias internas.
Um exemplo importante de labirinto
Iniciático na Europa é o da Catedral de Chartres, na França. Segundo
Luis Pellegrini, na obra Os pés alados de Mercúrio (Editora Axis Mundi),
O
labirinto de Chartres é até hoje perfeitamente visível com suas pedras
escuras encastradas no pavimento de pedras claras. Mas, infelizmente,
mesmo esse labirinto não está completo. No seu centro havia, segundo
testemunhos históricos, uma grande placa de cobre com a imagem, em
relevo, do combate mitológico entre o herói Teseu e o Minotauro. Esta
placa foi provavelmente removida em 1792, época da Revolução Francesa, e
usada para a fabricação de canhões.
Mesmo os estudiosos católicos
concordam hoje que o labirinto de Chartres, bem como os que existiam em
outras catedrais francesas, é uma herança do labirinto antigo, um
símbolo muito importante do pensamento filosófico e religioso do
paganismo.
O Labirinto também simboliza as dificuldades da
Iniciação daquele que a requer. É o símbolo do lento progresso de seu
pensamento, de suas provas, de seu retorno a si mesmo, ao seu interior, a
fim de encontrar o que chamaríamos de “o bom caminho”. Ou o verdadeiro
caminho da Alma. No início de sua jornada o candidato desconhece a
trilha a ser seguida, e o medo o envolve. Muitas vezes o candidato deve
retornar a um determinado ponto para poder seguir adiante. Isso mostra
os revezes da vida, assim como as suas voltas indicam o retorno a partir
de novas bases, mais sãs e mais seguras, após períodos de aprofundadas
reflexões. São aspectos do que é necessário ao requerente à Iniciação na
qual aparece o Labirinto.
Neste sentido, os Labirintos desenhados
nas Catedrais, sob uma forma curta e simbólica, nos indicam da mesma
maneira uma representação de todas as nossas dificuldades do caminho.
Podem ser provas físicas, ou não. Ou mesmo os perigos reais da vida.
Os
Labirintos deixaram para a eternidade o fato de que seu simbolismo
continua atual até os dias de hoje, e assim permanecerá para os
Iniciados do amanhã.
Fraterno Abraço
RuyR@mires.'.
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